SP compra 2.000 respiradores e traça plano para evitar lockdown na capital
Resumo da notícia
- O lockdown na Grande SP era considerado inevitável na semana passada, mas compra levou a nova estratégia
- Prefeitura e estado tentam antecipar feriados para aumentar adesão ao isolamento social e diminuir contágio
- Medida daria tempo de instalar pelo parte dos respiradores e elevar a capacidade de tratamento da rede pública
- Plano depende de aprovação da antecipação e de chegada de equipamentos: já houve compra frustrada vinda da China
Disposto a evitar a decretação de lockdown na Grande São Paulo, o governo do estado traçou uma nova estratégia para segurar a curva de contaminação da covid-19. Ela envolve antecipar feriados para criar um feriadão de seis dias — a começar na próxima quarta-feira —, e a aquisição de 2 mil respiradores com previsão de chegada até o final do mês.
Esta tática muda o ânimo no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde até sexta-feira existia convicção de que não haveria como impedir o lockdown.
A semana que passou registrou a doença se alastrando e leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) chegando perto de 90% de ocupação. Na quarta-feira, o Centro de Contingência ao Coronavírus alertou as autoridades de que as condições de aumento de restrição a circulação de pessoas estavam postas.
Na tarde de sexta, veio a esperança: Foi acertada a compra dos 2.000 respiradores, permitindo que novas possibilidades fossem estudadas.
O plano elaborado está sendo colocado em prática em parceria com a prefeitura. No domingo, o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), convocou entrevista coletiva e todos prestaram atenção ao final do rodízio ampliado.
Covas anunciou também envio de projeto de lei à Câmara dos Vereadores para antecipar dois feriados. A solicitação foi aprovada hoje pelos vereadores.
Em coletiva hoje, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) divulgou que também pretender antecipar um feriado. Desta maneira, as autoridades querem um grande feriadão para aumentar o isolamento social e reduzir a disseminação do coronavírus.
Além de diminuir a pressão sobre os leitos de UTI com menos pessoas infectadas, a medida permitiria tempo hábil para instalação de partes dos 2.000 respiradores comprados pela Secretaria estadual de Saúde.
Hospitais da capital terão prioridade no recebimento. A aquisição dos equipamentos foi confirmada pelo secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, na manhã desta segunda-feira.
Ele não revelou os valores da compra e em qual país fica o fornecedor. São Paulo já teve uma aquisição que virou decepção quando fechou negócio com uma empresa chinesa por 3.000 respiradores que deveriam ser entregues neste mês. O valor total do contrato era de R$ 550 milhões e a primeira parcela foi paga antecipadamente. Na hora da entrega, a China limitou o embarque a lotes de 150 unidades por voo.
A situação prejudicou os planos do governo, mas a nova aquisição trouxe alívio. A estratégia traçada na sexta passa por fazer os respiradores chegarem a São Paulo, mas para haver tempo de instalar os equipamentos é preciso diminuir o nível de expansão da covid-19. Esta é a fase feita em conjunto com a capital.
Feriados antecipados para aumentar adesão a isolamento
Por meio de projeto de lei enviado à Câmara dos Vereadores, a prefeitura pediu para Corpus Christi (celebrado em junho) e o dia da Consciência Negra (em novembro), serem antecipados para quarta e quinta-feira desta semana.
Sexta-feira, foi declarado ponto facultativo. Cidades da Região Metropolitana também são estimuladas a antecipar feriados.
O estado fez sua parte enviado solicitação à Assembleia Legislativa para o feriado estadual de 9 de julho, que lembra a Revolução Constitucionalista, ser antecipado para a próxima segunda-feira (25). O projeto de lei deve tramitar em regime de urgência e a intenção é que os deputados estaduais votem até quinta-feira.
Com o feriadão de seis dias, estado e prefeitura pretendem alcançar índices mínimos de 55% de isolamento e diminuir o contágio do novo coronavírus.
A maior parte desses equipamentos deve ser direcionada para a capital. Até ontem, os leitos de UTI da rede estadual na Grande São Paulo estavam com 89,3% de ocupação. As vagas de terapia intensiva da rede municipal tinham 91% de ocupação.
Ontem, o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, alertou que o sistema de atendimento na capital paulista deve entrar em colapso nos próximos 15 dias caso a população não colabore para a elevação da taxa de isolamento social.
Em dias úteis, o estado oscila entre índices de isolamento de 47% a 48%. Autoridades de saúde dizem que 70% é o isolamento social ideal recomendado para conter o avanço do novo coronavírus. O percentual mínimo para o sistema público de saúde dar conta da demanda é de 55%.
A iminência do esgotamento da capacidade hospitalar levantou, na semana passada, discussões sobre a urgência de um decreto instaurando lockdown, principalmente na capital e na Grande São Paulo.
"Medidas não surtiram efeito"
Nesta segunda-feira (18), o coordenador do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, Dimas Covas, disse que a "epidemia está evoluindo numa velocidade muito grande" e que a capital paulista já tem um cenário preparado para o fechamento total.
"Essas medidas que estão em curso não surtiram efeito. Esse isolamento de 48%, 50%, 52%, 53% não é efetivo para controlar a infecção, a taxa de contágio, portanto terão que ser adotadas medidas mais efetivas, mais drásticas, no sentido de reduzir essa taxa de infecção", afirmou.
Na sexta (15), Doria disse que o protocolo de lockdown para o estado já estava pronto. Mas ele acrescentou que a medida não será adotada neste momento.
Dias antes, na quarta-feira, o Centro de Contingência ao Coronavírus manifestou a autoridades estaduais a necessidade de aumentar a restrição a circulação de pessoas.
O secretário estadual de Saúde não informou ao UOL qual o valor despendido na compra desses 2.000 novos respiradores nem quais foram os fornecedores. Procurada pela reportagem, a Secretaria estadual de Saúde informou que vale a declaração do secretário na coletiva, quando ele se limitou a dizer que adquiriu os equipamentos.
* Colaborou Gabriela Sá Pessoa, do UOL, em São Paulo
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