Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quinta-feira (28)
Epicentro da pandemia do coronavírus no Brasil, São Paulo vive o dilema da reabertura da economia, ainda que seus números de casos e mortes estejam altos. Ontem, o governador João Doria (PSDB) anunciou planos para retomar atividades, dando autonomia às cidades na decisão, mas a decisão vai contra regras que o próprio estado tomou —e que afetam o País todo, no papel central que São Paulo exerce.
Em 8 de maio, o governo do estado de São Paulo divulgou que uma cidade só teria direito a flexibilizar a quarentena se atingisse um índice de isolamento social mínimo de 55%. Ocorre que, dos 104 municípios que têm o isolamento acompanhado, somente dois atingiram a meta conforme resultado de terça (26).
Mesmo sem cumprir esse critério, 15 regiões inteiras foram contempladas com a retomada de parte das atividades.
Salões de beleza, shoppings e restaurantes poderão reabrir com restrições a partir de 1º de junho em Araraquara, Bauru e Presidente Prudente. Todas essas cidades ficaram muito abaixo do mínimo exigido, fechando terça com somente 39% de adesão ao isolamento social. Incluiu-se Barretos no mesmo grupo de afrouxamento da quarentena, apesar do índice de 40%.
Os dois únicos municípios que bateram o mínimo de isolamento na terça foram São Sebastião, com 60% de isolamento, e Ubatuba, com 55%, no litoral norte.
Reabertura na capital
De acordo com o prefeito, não há uma data específica para que os setores voltem a funcionar. A retomada só vai ocorrer depois do aval da vigilância sanitária. Ele ainda disse que é preciso seguir as normas para não haver retrocesso."Não pode repetir o erro de várias outras cidades que começaram a reabrir e depois voltaram atrás", afirmou.
Além do estado, hoje Bruno Covas, prefeito da capital, detalhou o plano de flexibilização da quarentena. Para voltar às atividades, os setores econômicos precisam passar por um fluxo de aprovação criado pela prefeitura, que inclui análise dos protocolos de funcionamento pela vigilância sanitária.
Foi pedido atenção às mulheres porque as escolas e creches não reabrirão e o cuidado dos filhos culturalmente recai sobre elas, que terão emprego ameaçado.
De acordo com o prefeito, não há uma data específica para que os setores voltem a funcionar. A retomada só vai ocorrer depois do aval da vigilância sanitária. Ele ainda disse que é preciso seguir as normas para não haver retrocesso.
Não podemos repetir o erro de várias outras cidades que começaram a reabrir e depois voltaram atrás"
Especialistas veem riscos
A proposta de iniciar a reabertura no Estado de São Paulo, sem a clareza de que estamos em uma curva descendente de infecções é arriscada, segundo especialistas.
Na capital de SP, a taxa de ocupação das UTIs era de 92% nesta quarta-feira. A Prefeitura argumenta, porém, que é possível ampliar a rede disponível, uma vez que pode alugar leitos da rede privada. Na última semana, o número de mortes na cidade aumentou 18,2%, passando de 3.252 para 3.844 registros.
"Como a rede hospitalar já está bem ocupada, o provável é que o governo tenha de segurar ou mesmo rever essa reabertura em algumas semanas. Porque a tendência é aumentar o Rt (índice de transmissão) e consequentemente mais casos", opinou Daniel Dourado, médico e advogado sanitarista, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP.
O que precisa fazer agora é cobrar do governo estadual para mostrar essa avaliação entre Rt e casos esperados diante da capacidade da rede"
Covid avança para o interior em SP
O coronavírus se espalha pelo estado de São Paulo ao longo de seis eixos rodoviários. Os dois principais foram as rodovias Anhanguera — que liga a Capital a Campinas e Ribeirão Preto e de lá para Minas, Brasília e o norte do país — e a Dutra — que liga São Paulo ao Vale do Paraíba e depois ao Rio de Janeiro, rumo ao Nordeste.
Dos mais de 86 mil casos confirmados de covid-19 em São Paulo, 92% foram registrados em cidades distantes até 20% das principais rodovias do Estado. Um dos grandes problemas é que há municípios sem UTI para tratar de pacientes em estado grave.
Prefeitos de diversas cidades vão contra as medidas de Doria.
Números do Brasil e do mundo
Enquanto Jair Bolsonaro briga com o STF por conta do inquérito das fake news —com direito a dizer "acabou, p*rra!" e seu filho, Eduardo, falar em "momento de ruptura", o Brasil atingiu hoje 438.238 diagnósticos da covid-19 com a confirmação de 26.417 novos casos nas últimas 24 horas —em uma semana, foram contabilizados mais de 100 mil casos da doença.
O país também registrou mais 1.156 novas mortes pelo novo coronavírus, totalizando 26.754 óbitos desde o início da pandemia.
De acordo com a universidade Johns Hopkins, só ontem, o coronavírus atingiu 102,2 mil pessoas em todo o mundo. É a quarta vez que o gráfico indica uma taxa de novos contaminados acima de 100 mil. O número de mortos em todo planeta passa de 355 mil.
Bolsonaro aprova R$ 60 bi a estados
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou com vetos o projeto de socorro financeiro de R$ 60 bilhões a estados e municípios. O texto foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial da União.
Bolsonaro seguiu o pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes, e vetou reajustes nos salários dos servidores até o final de 2021. Um dia antes de sancionar o projeto, Bolsonaro publicou na terça-feira (26) uma medida provisória que permitiu o reajuste nos salários de policiais civis, militares e bombeiros do Distrito Federal.
Rio volta atrás na contagem de mortos - em termos
Após uma semana de "apagão de dados de óbitos" e "sumiço" de mais de mil mortes por covid-19 das estatísticas, a Prefeitura do Rio voltou a divulgar as informações na noite de ontem. A mudança na contagem gerou divergência em relação aos números do governo fluminense, suspeitas de subnotificação e críticas de especialistas.
Agora, apesar de manter a nova metodologia —que afere somente mortes em cemitérios da cidade e que foram confirmadas para coronavírus—, a gestão de Marcelo Crivella voltou a divulgar levantamento de óbitos atribuído ao Ministério da Saúde, com base em dados do governo estadual.
A mudança metodológica ocorreu pouco mais de uma semana após encontro entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), em Brasília.
Na noite de ontem (27), o painel Rio Covid, mantido pela Secretaria Municipal de Saúde, contabilizava 1.855 mortes. :Os dados do governo estadual, que servem de base para o Ministério da Saúde, apontam para 3.135 mortes na capital fluminense e também voltaram à plataforma da prefeitura, que agora registra dois números diferentes.
Complexo do Alemão tem dificuldades na pandemia
A médica da família e comunidade Nayara Rocha, 30, enfrenta dificuldades para encarar a pandemia de coronavírus. Antes da crise, ela já encarava problemas para acessar o local de trabalho no complexo do Alemão algumas vezes, por conta de tiroteios que a impediram de chegar. Agora, são os pacientes que, muitas vezes, não conseguem acessar a clínica.
"No meio da pandemia, a gente começou a ver diariamente conflitos. Então, em um dia que deveria ser de isolamento social, uma operação policial mata 13 pessoas. E não são só essas 13 pessoas mortas, entende, são 13 famílias e mais uma população inteira que adoece mentalmente vendo 13 corpos sendo carregados pelas ruas principais de uma favela", diz ela.
EUA mudam recomendação sobre transmissão por objetos
O CDC (Centro de Controle de Doenças) dos Estados Unidos declarou hoje que o coronavírus "não se espalha facilmente" por "tocar superfícies ou objetos", como embalagens de alimentos e maçanetas, por exemplo.
De acordo com a emissora CNN, dos Estados Unidos, "especialistas alertam que isso não significa que não é mais necessário tomar precauções" para impedir a disseminação da covid-19. A OMS mantém a recomendação de se lavar as mãos após tocar superfícies que podem estar contaminadas.
Desde meados de março, o CDC dizia que "era possível" a transmissão do vírus por tocar em objetos contaminados, mas agora mudou a diretriz e inclui "superfícies ou objetos" em uma seção que detalha formas pelas quais o coronavírus não transmite imediatamente.
Planos de saúde pressionam a dar cloroquina
A despeito da falta de comprovação científica de que funcione no combate à covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, grandes planos de saúde particulares orientam e até pressionam médicos a prescrever cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes com confirmação ou suspeita da doença que apresentam sintomas leves tomar em casa.
Prevent Senior, Hapvida e planos do sistema Unimed, dentre outros operadores, adotam e defendem a prática.
A orientação —que precede o protocolo lançado na semana passada pelo Ministério da Saúde para o SUS (Sistema Único de Saúde), no qual orienta a prescrição do medicamento, originalmente utilizado contra malária e outras doenças, para casos leves de covid-19— vai na contramão da OMS (Organização Mundial da Saúde), que suspendeu temporariamente todos os testes clínicos que conduzia com a substância na segunda-feira (25).
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu 3.600 comprimidos de hidroxicloroquina na tarde de ontem na BR 153, em Uruaçu, no norte de Goiás. O medicamento contrabandeado do Paraguai tinha como destino o Maranhão.
JBS e BRF: relação direta com casos da covid
Um frigorífico da BRF e outro da JBS têm relação direta com até metade dos casos de coronavírus em algumas das cidades mais afetados pela pandemia em uma região do estado de Santa Catarina, afirmam o MP-SC (Ministério Público) e o MPT (Ministério Público do Trabalho).
Os estabelecimentos das duas multinacionais empregam, juntos, cerca de 6.500 habitantes do Alto Uruguai, no oeste catarinense. A região tem aproximadamente 150 mil habitantes divididos em 14 municípios.
Um exemplo é Ipumirim, em que 30 dos 61 casos de coronavírus na cidade estão relacionados à JBS: 22 contaminados trabalham no frigorífico e oito têm relação direta com algum trabalhador (pai e filho, por exemplo).
O Ministério Público e Ministério Público do Trabalho culpam as empresas pelo surto na região, mas elas alegam tomar todas as medidas necessárias para evitar contaminação
Coreia do Sul volta a adotar isolamento
A Coreia do Sul voltou a adotar hoje uma série de restrições após um aumento dos contágios de covid-19 que pode prejudicar os avanços do país na contenção da epidemia.
O país, considerado um dos exemplos na luta contra a doença, anunciou hoje o maior aumento de casos em quase dois meses, o que mostra que novos casos e novas medidas de isolamento podem ser necessárias pelo mundo.
As autoridades informaram 79 novos contágios, a maioria na zona metropolitana de Seul. Entre os casos, 69 foram registrados entre pessoas que frequentaram um armazém da empresa de comércio eletrônico Coupang.
Desempregada assume risco para ajudar na rua
Como ficar dentro de casa para se proteger quando não se tem uma casa? É essa a pergunta central que motiva ativistas e organizações que atuam com população em situação de rua durante a pandemia de Covid-19. À mercê da própria sorte, diante da ausência de políticas públicas que os atendam, os moradores de rua contam com apoio de pessoas comuns que se preocupam com a atual situação de quem não tem um teto para morar.
Uma delas é Pamella Lessa, 29, que distribui kits de higiene e alimentação para eles, principalmente na zona norte do Rio de Janeiro.
Atuando principalmente nos bairros de Vaz Lobo, Madureira e Cascadura, Pamella decidiu focar na zona norte carioca depois de constatar que há poucas ações sociais com o mesmo propósito naquela região. Um indicativo dessa escassez é a migração: moradores de rua que vivem em outros bairros se deslocam em dias de distribuição para garantir seus kits.
Médica fala de desafios da covid em aldeia
Para chegar ao seu posto de trabalho, a médica Ismênia Cruz, 30, já teve até que encarar uma tempestade durante um voo de monomotor sobre a floresta amazônica. Contratada do programa Mais Médicos há 1 ano e meio, Ismênia enfrenta outro desafio agora e atua dentro de aldeias no sudeste do Pará tentando frear o avanço da covid-19 pelo país.
Somos todos um só nesta pandemia, a mesma preocupação que tenho com a minha família é a que tenho com meus pacientes e comigo"
São cerca de 500 moradores e nenhum caso da doença foi confirmado. A médica alterna 15 dias de trabalho com 15 dias de folga. Depois que ela partir para o recesso, nesta sexta-feira, eles só poderão contar com a ajuda remota de Ismênia, pelo telefone —mas não raro ela estende sua estada ou retorna para atender emergências.
Chico Buarque atualiza o meme
Nem mesmo o meme do Chico Buarque ficou de fora das recomendações de seguranças - para evitar que o novo coronavírus continue a se espalhar. Ontem à noite, o cantor publicou a versão atualizada da capa de seu disco, "Chico Buarque de Hollanda", de 1966, com uma máscara.
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