Pazuello diz que governo nunca mudou dados sobre o coronavírus
O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, disse hoje que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "buscou números reais" sobre os casos e óbitos em decorrência da covid-19 e "nunca mudou dados". Segundo ele, o novo sistema proposto, que entrou no ar no domingo, demorou a ficar pronto.
"Os números nunca serão mudados. Estávamos buscando o número verdadeiro para evitar a subnotificação e não buscar a hipernotificação", afirmou o interino durante a reunião do Conselho Ministerial hoje, em Brasília.
Números divergentes
A forma como o governo divulga os dados foi questionada depois de uma divergência nos números publicados no site do Ministério da Saúde no último domingo sobre os óbitos nas últimas 24 horas. Em um primeiro momento, anunciou 1.382 mortes, mas mais tarde alterou o número para 525, uma redução de 857. Só ontem o governo explicou o erro.
"Os dados precisam ser completos e sem nenhuma dificuldade de acesso. Nós começamos a trabalhar nisso há 20 dias, mas demorou para chegar nesse modelo. A pergunta eterna: quando os dados vão ser atualizados? 24 horas. Aqueles que não estiverem atualizados, é porque não chegou a atualização. Não existe horário, se é 16h, 17h, 20h, a hora que ele chegar ele é compilado. Quanto mais cedo o dado chegar, mais cedo ele estará lá", afirmou Pazuello.
Ele explicou ainda que as mortes confirmadas chegam ao sistema pelo registro de óbitos e que pelo sistema adotado desde domingo o governo quer contabilizar "números reais" das mortes naquele dia, e não um total que traria mortes que ocorreram em outros dias, mas que só foram registradas depois, entrando na contagem de outra data.
"Quando olhamos no registro, tem a data do óbito. Não tem nada a ver com mudança de números, os óbitos estão registrados. Mas o registro daquele dia não significa que a morte ocorreu naquele dia. Então você vai corrigindo os dados anteriores e aí você vai entendendo a curva. Se nós lançarmos no dia em que a pessoa morreu, temos a curva mais exata. Estávamos buscando os números reais", completou.
Consórcio da imprensa
Vale lembrar que, em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.
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