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CoronaVac: Anvisa nega atraso em análise sobre importação de matéria-prima

Do UOL, em São Paulo

23/10/2020 15h08

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou uma nota hoje para negar uma reclamação feita ontem pelo Instituto Butantan sobre a liberação da importação de matéria-prima para a produção da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Butantan em pareceria com o laboratório chinês Sinovac. A Agência atribui o prazo estendido a "discrepâncias" na documentação enviada pelo Butantan e negou qualquer atraso na aprovação pedido.

A instituição produtora de imunizantes divulgou uma nota ontem sobre o suposto atraso. Além disso, o próprio diretor do Butantan, Dimas Covas, reclamou publicamente da demora. Hoje, porém, Covas já colocou panos quentes na situação e afirmou que a Anvisa responderá à solicitação em cinco dias, o que foi confirmado pela Agência.

"Informamos que o referido processo [aprovação de importação de matéria-prima] já havia sido analisado quando da publicação da notícia [nota do Butantan] e que foram identificadas discrepâncias. Essas discrepâncias foram comunicadas ao Instituto Butantan", afirma a nota da Anvisa.

"Assim sendo, não há nenhum tipo de retardo/atraso/morosidade por parte da Anvisa. A análise foi feita e as discrepâncias foram encaminhadas para o laboratório a fim de serem solucionadas", acrescenta a Agência.

A Anvisa explicou o processo, que, segundo a Agência, deveria incluir uma "reunião presencial e pública da Diretoria Colegiada". No entanto, a nota afirma que os trâmites foram facilitados "com o intuito de contribuir para a prontificação mais rápida de toda e qualquer vacina passível de registro".

"Para não haver perda de tempo, o processo foi desmembrado e as vacinas envasadas terão sua análise feita no prazo máximo de até cinco dias úteis, separadamente da análise do pedido de insumos", diz a nota.

A previsão é a mesma dada hoje por Covas durante entrevista coletiva do governo paulista sobre a pandemia do novo coronavírus.

Espera de um mês

Na coletiva, Covas afirmou que o processo de aprovação já dura um mês, quando deveria durar dez dias em casos excepcionais como o da CoronaVac, que pode ajudar a controlar a atual pandemia.

"O procedimento habitual da Anvisa, diante de pedido de excepcionalidade, é liberação em dez dias. Entramos com documentação na Anvisa em 23 de setembro. Estamos completando um mês", disse o diretor da instituição.

Mesmo assim, o cronograma de produção das primeiras doses por parte do Butantan não foi alterado. Segundo Covas, a instituição ligada à administração paulista ainda será capaz de produzir 40 milhões de doses da CoronaVac até dezembro. Antes disso, São Paulo deve receber 6 milhões de doses já prontas da China.

Polêmica sobre distribuição

Caso tenha seu registro aprovado pela Anvisa, em processo que só poderá ser concluído após os estudos de eficácia que estão em andamento, a CoronaVac permanece sem uma definição para iniciar sua distribuição em São Paulo e possivelmente para outros estados. Durante a semana, a polêmica em torno da questão mobilizou o governador de São Paulo João Doria (PSDB) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Após o ministro da Saúde Eduardo Pazuello anunciar um compromisso de compra das primeiras 46 milhões de doses do imunizante, Bolsonaro voltou atrás e desautorizou Pazuello, mandando cancelar o acordo. Doria vem criticando a atitude desde então, mas hoje já sinalizou uma intenção de diálogo para tentar buscar um entendimento.

O governador paulista, inclusive, contou com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante a entrevista coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes. Maia se colocou à disposição para ajudar nas negociações e defendeu a aquisição não só da CoronaVac em caso de aprovação, mas também de qualquer outra vacina contra a covid-19 que se mostre eficaz.