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Se houver acerto com Ministério, vacinação pode começar antes, diz Doria

Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/12/2020 14h10

O governo paulista admitiu hoje que a vacinação contra a covid-19 no estado pode começar antes de 25 de janeiro, data estipulada pelo plano estadual de vacinação anunciado na semana passada.

Segundo o governador João Doria (PSDB), a antecipação depende de um acordo com o Ministério da Saúde para que o próprio governo federal inicie seu plano nacional de vacinação, apresentado oficialmente ontem, mas que ainda não tem data para começar.

"Se pelas circunstâncias pudermos todos nós, Brasil e São Paulo, iniciar a vacinação antes, ótimo, é o que mais desejamos", afirmou Doria hoje durante entrevista coletiva sobre a pandemia no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista.

O governador explicou que São Paulo estabeleceu o fim de janeiro como início contando com o prazo para a liberação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) da CoronaVac, a vacina contra a covid-19 desenvolvida e testada pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O Butantan, que é ligado ao governo paulista, já anunciou que entrará com o pedido de aprovação na semana que vem.

Estabelecemos o prazo para não atropelar o rito da Anvisa. Se houver rito mais rápido, e estimo que isso aconteça, quanto mais rápido melhor. Estaremos preparados em São Paulo e desejando que país o faça."
João Doria, governador de São Paulo

Doria foi questionado sobre o fato de o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, ter afirmado na semana passada que a campanha nacional de vacinação teria início apenas no final de fevereiro. Pazuello deu a previsão em reunião com governadores, na qual também refutou a possibilidade de São Paulo começar antes seu plano estadual de vacinação.

"Em relação à data, São Paulo não vê razão para fazer em fevereiro o que podemos fazer em janeiro. Cada dia que passa conta. Cada dia são 700 brasileiros que morrem", acrescentou Doria.

Hoje, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a citar uma combinação de fatores para dizer hoje que o Brasil poderá ter, em janeiro, 24,7 milhões de doses disponíveis de vacinas contra a covid-19 em janeiro.

Estamos falando, em janeiro, de 500 mil doses da Pfizer, 9 milhões de doses do Butantan e 15 milhões a AstraZeneca. A data exata é o mês de janeiro. Pode ser 18, 20 de janeiro. Mas se nós pudermos compreender que o processo vai nos dar a data (...) já nos dá um novo desenho. Isso tudo dependendo do registro da Anvisa."
Eduardo Pazuello

O Ministério da Saúde emitiu uma nota hoje esclarecendo que não estabeleceu datas para o início da vacinação contra a covid-19. O informe vai na contramão de informações que circularam afirmando que o início da imunização ocorreria a partir do dia 21 de janeiro. Segundo a pasta, a ausência de previsão ocorre porque nenhum laboratório realizou até o momento o pedido de registro junto à Anvisa.

Colapso na Saúde

Enquanto não há uma definição sobre o início da vacinação, o estado de São Paulo vive um momento complicado em relação ao coronavírus, com vários hospitais já sem leitos disponíveis de UTI para pacientes com covid-19 e números que lembram os primeiros meses da pandemia, principalmente na capital. Diante desse quadro, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, citou também um possível colapso do sistema como motivo para iniciar a vacinação em breve.

"Caso tenhamos a possibilidade de iniciar antes, faremos em conjunto com o programa nacional. Mas não podemos postergar", disse Gorinchteyn.

Não podemos esperar que vidas sejam destruídas por esse vírus. Não podemos esperar que nosso sistema de saúde colapse, especialmente desse grupo etário de idosos. Não é uma escolha política; é uma escolha humanitária. Como médicos e gestores, não podemos aceitar."
Jean Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde de São Paulo