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Bebê de um mês morre de covid em Chapecó (SC); cidade tem falta de leitos

Chapecó convive com superlotação de leitos para covid-19 - Divulgação
Chapecó convive com superlotação de leitos para covid-19 Imagem: Divulgação

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Chapecó (SC)

18/02/2021 14h56

Um bebê de um mês e 28 dias morreu de coronavírus em Chapecó (SC), a 405 quilômetros de distância de Florianópolis. Segundo a prefeitura, a criança estava hospitalizada havia uma semana e morreu na última terça-feira (16). A cidade convive com número limitado de leitos e tem, inclusive, encaminhado pacientes para outros municípios catarinenses.

Hoje 41 pacientes estão internados por covid-19 no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, local onde estava internado o bebê. Entre os pacientes está uma outra criança que está em estado grave e em ventilação mecânica. A idade dela não foi divulgada.

Segundo dados do governo do estado na manhã de hoje, a cidade tem cinco leitos vagos, porém, o número varia a todo momento. Nos municípios de Xanxerê e São Miguel do Oeste, vizinhos a Chapecó, a taxa de ocupação chegou a 100%. Ainda há dois leitos vagos no hospital de Maravilha.

Em uma live na manhã de hoje, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), lamentou a morte do bebê. "Isso é uma tragédia, uma criança de um mês e pouco falecer em virtude que foi contaminada pelo covid. Isso é uma tragédia sem tamanho."

Há atualmente 162 pessoas internadas pela doença na cidade - 62 em leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), 86 em enfermaria e 14 em outros setores. Mais 22 leitos de UTI devem ser reabertos amanhã no hospital da cidade, conforme o prefeito. Nos próximos dias também devem ser disponibilizados 50 leitos em enfermaria.

Na última terça, 351 tiveram diagnóstico positivo para a doença. Devido à situação, o prefeito determinou a compra de mais testes para poder identificar o quanto antes quem está contaminado e assim tentar frear o contágio em Chapecó. Além disso, as unidades básicas de saúde passaram a atender pacientes com suspeita de problemas respiratórios no período da tarde, para diminuir as filas nos ambulatórios.

Prefeito com covid-19 indica remédios sem eficácia

Durante a live na manhã de hoje, o prefeito disse que contraiu o coronavírus e aderiu ao tratamento precoce - popularmente conhecido por "kit covid". "Eu passei pela covid. Graças a Deus fiz o tratamento precoce e, para mim, deu certo. Passei praticamente assintomático", disse.

O "kit covid" inclui hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e nitazoxanida, além dos suplementos de zinco e das vitaminas C e D. Porém, esse conjunto de substâncias não tem eficácia comprovada e reconhecida por entidades como a OMS (Organização Mundial da Saúde), os centros de controle da Europa e dos EUA, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

O uso dos medicamentos é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e já chegou a ter um aplicativo do Ministério da Saúde que recomendava o uso, mas posteriormente foi retirado do ar.

Aumento de restrições

Novo decreto em Chapecó suspendeu a partir de hoje o funcionamento de clubes, campings e sedes sociais. Também não podem mais ocorrer eventos sociais até 1º de março. Na semana passada, uma medida da prefeitura proibiu o consumo de bebida alcoólica nas ruas, o que segue valendo. Já os restaurantes podem funcionar de 10h até as 14h e das 18h às 22h.

Na manhã de hoje, Rodrigues disse que a proposta de lockdown não surtiria efeito. "Se eu fechar todo o comércio, onde as pessoas vão? Dentro de casa que não vão gente. Fica em casa meia hora, uma hora, duas horas, ninguém suporta. Que fazem? Saem de casa, vão para o sítio, vão na casa de alguém, se aglomera, faz o churrasco e acontece aí a transmissão", disse.

Na semana passada, o prefeito afirmou que a situação de escassez de leitos pode ter relação com a comemoração do título da Chapecoense na Série B do Campeonato Brasileiro, que reuniu entre 3 mil a 4 mil pessoas.