Covid: Com 2.736 mortes em 24h, país bate média de 2.000 óbitos pela 1ª vez
O Brasil voltou a registrar nesta quarta-feira (17) números assustadores na pandemia de coronavírus. Hoje, pela primeira vez, a média móvel de óbitos causados pela covid-19 a ultrapassou 2.000 vítimas — o índice chegou a 2.031 mortes, o mais alto de toda a pandemia pelo 19º dia seguido.
De ontem para hoje, ainda houve o recorde de casos de infecção na pandemia (90.830) e o segundo maior número de mortos (2.736) no período de 24 horas. O levantamento é do consórcio de veículos de imprensa do qual UOL faz parte, baseado nos números fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.
Com os últimos registros, o Brasil totaliza 285.136 mortos e 11.700.431 infectados pelo coronavírus. O número de mortes notificadas em um dia só ficou atrás do registrado ontem, quando o país teve 2.798 óbitos. Já são 16 dias seguidos com mais de mil óbitos computados entre um dia e outro no país.
Também pelo 56º dia consecutivo, o Brasil apresenta média de mortes por covid-19 acima de mil, o período mais longo em toda a pandemia. Para a Fiocruz, o país vive o "maior colapso sanitário e hospitalar da história'. Vários estados enfrentam colapso no sistema de saúde; hoje, Minas Gerais bateu recorde de casos e vítimas em 24 horas.
Todos as regiões apresentam aceleração na média de mortes, sendo: Nordeste (41%), Norte (17%), Centro-Oeste (111%), Sudeste (37%) e Sul (93%).
Vinte e uma unidades da federação, incluindo o Distrito Federal, apresentam alta no índice. Dois estados estão em queda e quatro estão estáveis.
A tendência de aceleração da média móvel do país é de 49%.
O Brasil em números
Na primeira onda:
- Maior número de mortes em 24 h: 1.554 (19/7)
- Maior média móvel de óbitos: 1.097 (25/7)
- Maior período com média acima de mil: 31 dias
- Maior número de óbitos em uma semana: 7.679 (de 19/7 a 25/7)
Na segunda onda:
- Maior número de mortes em 24 h: 2.797 (16/3)
- Maior média móvel de óbitos: 2.031 (17/3)
- Maior período com média acima de mil: 56 dias
- Maior número de óbitos em uma semana: 12.770 (de 7/3 a 13/3)
As 22 maiores médias móveis de mortes por covid-19 no Brasil ocorreram nos últimos 22 dias. As dez mais altas são as seguintes:
- 17 de março - 2.031
- 16 de março - 1.976
- 15 de março - 1.855
- 14 de março - 1.832
- 13 de março - 1.824
- 12 de março - 1.761
- 11 de março - 1.705
- 10 de março - 1.645
- 9 de março - 1.572
- 8 de março - 1.540
Os cinco dias com maior número de mortes em toda a pandemia ocorreram nos últimos sete dias (os números não indicam quando os óbitos ocorreram de fato, mas, sim, quando passaram a contar dos balanços oficiais):
- 16 de março - 2.798
- 17 de março - 2.736
- 10 de março - 2.349
- 11 de março - 2.207
- 12 de março - 2.152
Nove estados reportaram mais de 100 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. O total de vítimas apenas nestes estados chega a 2.093:
- São Paulo - 617
- Minas Gerais - 314
- Paraná - 261
- Rio Grande do Sul - 213
- Santa Catarina - 163
- Rio de Janeiro - 141
- Pará - 135
- Bahia - 130
- Ceará - 119
Veja a situação por estado e no Distrito Federal:
Região Sudeste
- Espírito Santo: aceleração (29%)
- Minas Gerais: aceleração (34%)
- Rio de Janeiro: estável (0%)
- São Paulo: aceleração (62%)
Região Norte
- Acre: estável (11%)
- Amazonas: queda (-36%)
- Amapá: aceleração (100%)
- Pará: aceleração (54%)
- Rondônia: aceleração (47%)
- Roraima: queda (-22%)
- Tocantins: aceleração (130%)
Região Nordeste
- Alagoas: aceleração (54%)
- Bahia: estável (-3%)
- Ceará: aceleração (54%)
- Maranhão: estável (13%)
- Paraíba: aceleração (58%)
- Pernambuco: aceleração (61%)
- Piauí: aceleração (46%)
- Rio Grande do Norte: aceleração (79%)
- Sergipe: aceleração (145%)
Região Centro-Oeste
- Distrito Federal: aceleração (81%)
- Goiás: aceleração (87%)
- Mato Grosso: aceleração (107%)
- Mato Grosso do Sul: aceleração (57%)
Região Sul
- Paraná: aceleração (85%)
- Rio Grande do Sul: aceleração (99%)
- Santa Catarina: aceleração (55%)
Dados da Saúde
O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (17) que o Brasil reportou 2.648 novas mortes causadas pela covid-19 nas últimas 24 horas. Desde o começo da pandemia, houve 284.775 óbitos provocados pela doença em todo o país.
Uma dia antes, o país registrou o recorde de óbitos em um intervalo de 24 horas: pelos números da pasta, houve 2.841 vítimas.
Foram notificados 90.303 novos casos da doença de ontem para hoje. É a maior marca desde março de 2020, superando o recorde anterior verificado em 7 de janeiro (87.843). O total de infectados subiu para 11.693.838 desde o início da pandemia.
De acordo com dados do governo federal, 10.287.057 pessoas se recuperaram da covid-19 até agora em todo o país, com outras 1.122.006 em acompanhamento.
Queiroga defende isolamento, uso de máscara e critica 'aglomerações fúteis'
No primeiro discurso após anúncio da transição na pasta da Saúde, o futuro ministro Marcelo Queiroga defendeu o distanciamento social contra a covid-19. Em coletiva na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), ele disse que somente com a restrição de circulação e melhor capacidade dos serviços hospitalares a doença será combatida.
"Esse impacto desses óbitos, vamos conseguir reduzir com dois pontos principais. Primeiro com campanhas de distanciamento social próprias que permitam diminuir a circulação do vírus. E segundo com uma melhora na capacidade assistencial dos nossos serviços hospitalares", disse. Para ele, a vacinação pode reduzir as internações e mortes a "médio" prazo.
Ele reforçou o conselho de evitar aglomerações e usar máscaras, ambos criticados e não seguidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
"Não adianta o governo ficar recomendando o uso de máscara se as pessoas não são capazes de aderir a esse tipo de medida que é um tipo de medida simples, que não demanda grandes custos. O governo recomenda por exemplo redução de aglomerações fúteis e as pessoas ficam fazendo festas aos fins de semana contribuindo para a circulação do vírus", argumentou.
Veículos se unem pela informação
Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes de autoridades e do próprio presidente durante a pandemia colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.
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