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Saúde anuncia mais 100 milhões de doses da Pfizer, mas só para setembro

Segundo o ministro Marcelo Queiroga, a "autorização" para a nova compra partiu do presidente Jair Bolsonaro - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
Segundo o ministro Marcelo Queiroga, a "autorização" para a nova compra partiu do presidente Jair Bolsonaro Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Anaís Motta e Lucas Valença

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Brasília*

11/05/2021 17h31Atualizada em 11/05/2021 22h15

O Ministério da Saúde anunciou hoje que aguarda apenas a assinatura da Pfizer no contrato para oficializar a compra de mais 100 milhões de doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica em parceria com o laboratório BioNTech. A expectativa, segundo a pasta, é receber os imunizantes a partir de setembro.

A vacina da Pfizer contra o coronavírus foi a primeira a ser aplicada no mundo, em dezembro de 2020. A farmacêutica diz ter oferecido 70 milhões de doses ao governo brasileiro ainda em agosto, a serem entregues a partir de dezembro, mas as negociações não avançaram.

Os brasileiros começaram a ser imunizados apenas em janeiro, com a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan junto à Sinovac Life Science.

"O Ministério da Saúde informa que já assinou o contrato com a Pfizer e aguarda a assinatura do laboratório. Cabe ressaltar que há uma diferença de fuso horário, já que a sede da empresa está na Bélgica. A expectativa da pasta é receber as 100 milhões de doses contratadas a partir de setembro de 2021", disse o ministério em nota.

As primeiras doses da vacina da Pfizer chegaram ao Brasil em 29 de abril. Para amanhã, está prevista a entrega de mais 628.290 de doses, que complementarão o programa de imunização nos estados. Por enquanto, apenas as capitais estão recebendo o imunizante, devido às dificuldades de armazenamento dos frascos.

Se o novo contrato se confirmar, o Brasil vai receber, ao todo, 200 milhões de doses do imunizante.

"Autorização" de Bolsonaro

Mais cedo, em evento de anúncio da liberação de R$ 909 milhões à atenção primária à saúde, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a "autorização" para a nova compra de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer foi dada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Foi o presidente que me incumbiu de impulsionar a nossa campanha de vacinação e é isso que estamos fazendo", afirmou.

Ele também voltou a defender que o Brasil tem liderado o ranking de países que mais distribuíram vacinas à própria população, mas desconsiderou que, em termos populacionais, o país figura na 58ª posição da lista criada pela "Our World in Data", vinculada à Universidade de Oxford, no Reino Unido.

"O Brasil já é o quinto país que mais doses de vacinas distribuiu a sua população. E temos o potencial de vacinar mais de 2,4 milhões de brasileiros por dia", declarou.

No final do ano passado, Bolsonaro chegou a questionar a segurança da vacina, dizendo que a Pfizer não se responsabilizaria por eventuais efeitos colaterais e "se você virar um jacaré, o problema é seu". Desde então, opositores têm usado a declaração para cutucar Bolsonaro — como fez o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recentemente vacinado contra a covid-19.

"Esperei minha vez, entrei na fila do posto de saúde e fui vacinado aos 63 anos. E não virei jacaré", escreveu ele em uma rede social.

Nova secretária

Amanhã, durante cerimônia de lançamento da Campanha de Conscientização sobre Medidas Preventivas e Vacinação contra a Covid-19, o ministro Queiroga vai oficializar o nome da infectologista Luana Araújo como chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19.

Inicialmente, o ministro havia escolhido a enfermeira Francieli Fantinato para comandar a secretaria, mas segundo fontes da Saúde, por decisão pessoal, ela preferiu ficar como diretora do Plano Nacional de Imunizações (PNI).

Luana Araújo é médica infectologista formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e epidemiologista formada pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

*Colaborou Carla Araújo, colunista do UOL, em Brasília