Defensor de cloroquina, Osmar Terra pede aval científico para Cannabis
Defensor da utilização de hidroxicloroquina para tratamento da covid-19, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) afirmou que "não há nenhuma evidência científica" que mostre a eficácia da Cannabis para tratar doenças. Durante sessão da comissão especial da Câmara dos Deputados para discutir projeto que prevê a liberação do cultivo da planta para fins medicinais, o deputado pediu que mostrassem "uma evidência científica".
"Salvar vidas adoecendo milhões de pessoas, se não houvesse outra alternativa teríamos que decidir, mas tem. É possível que as crianças que possuem síndromes convulsivas, essas crianças têm a possibilidade de ter acesso ao medicamento que elas precisam. Se tiver evidência científica, que tenha efeito... vamos deixar a Anvisa regular isso. Como ela regula todos os medicamentos agora. Desde quando óleo de maconha é remédio? Óleo de maconha tem 480 substâncias que causam dano permanente", disse Osmar.
"Não tem nenhuma evidência científica. Me mostrem uma evidência científica disso. Me mostrem uma só, eu nunca vi isso aqui na mesa, uma evidência científica. Eu sou médico, eu trabalho com evidência. Não tem essa evidência, e como não tem essa evidência nós estamos aqui trabalhando em cima de narrativas", completou ele, em seguida.
Durante debate promovido pelo UOL, no ano passado, o deputado falou sobre a pandemia da covid-19 no Brasil e disse, entre outras coisas, que "quase 99% dos portadores do vírus" não apresentam sintomas e que a cloroquina - defendida como forma de tratamento pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) até então— apresenta riscos como disfunção hepática e arritmia cardíaca, mas que a "maioria não tem problema nenhum", sem provas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já destacou que não há eficácia comprovada da hidroxicloroquina contra a covid-19 e alertou para a gravidade de seus efeitos colaterais.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 2017 o registro do Mevatyl, usado para sintomas da esclerose múltipla. Na sua composição há o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) —substâncias que já estiveram na lista de proibição da agência. Ele é considerado o primeiro remédio à base de maconha aprovado no Brasil.
Apesar de uma lei aprovada em 2006 já prever o uso medicinal da maconha, a falta de regulamentação levou a decisões judiciais autorizando pacientes a cultivar cannabis para tratar diversas patologias, como autismo, epilepsia, Alzheimer, depressão, ansiedade e enxaqueca crônica, conforme mostrou reportagem da BBC News Brasil.
O plantio de cannabis para uso medicinal e científico já é previsto no Brasil desde 2006, por meio da lei 11.343, a chamada Lei de Drogas, aprovada no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Mas pouco se avançou na sua regulamentação até o início desta década.
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