Covid: São Paulo já tem "variantes de atenção" em pelo menos 133 cidades
O estado de São Paulo já registra "variantes de atenção" em pelo menos 133 municípios. Não houve ainda confirmação oficial de casos da mutação indiana, mas há as variantes identificadas inicialmente em Manaus, no Reino Unido e na África do Sul.
Como já foram mapeadas mais de uma centena de variantes no mundo, as chamadas "de atenção" são as que oferecem maior risco de contágio e precisam de um acompanhamento mais intenso por parte da Vigilância Sanitária. A P.4, por exemplo, identificada nesta semana no interior paulista, não faz parte delas por enquanto.
Ao todo, as variantes de Manaus, do Reino Unido e da África do Sul têm pelo menos 374 casos confirmados no estado, em mais de um quinto das cidades. A Secretaria de Saúde avalia que o número, no entanto, deve ser maior, com possibilidade até da circulação da variante da Índia.
A P.1, identificada em Manaus em janeiro, é predominante. Os 374 casos confirmados, estão divididos em:
- 356 da variante de Manaus (P.1)
- 15 da variante do Reino Unido (B.1.1.7)
- 3 da variante da África do Sul (B.1.351)
Essas são as variantes que a gente tem de acompanhar mais de perto, por causa do aumento da transmissibilidade, o consequente impacto e a agressividade. A variante de Manaus se espalhou mais e agora estamos identificando outras, mas não consideramos uma situação fora do controle, está sendo mapeado pelo estado."
Jean Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde
Segundo o secretário, que também é infectologista do Hospital Emílio Ribas, este não é o caso da variante apelidada P.4, descoberta na última semana em Mococa e Porto Ferreira, no noroeste paulista, e em pelo menos outras 19 cidades. "Já vimos que é uma mutação sem uma agressividade maior, mais semelhante à que já está em circulação por aqui", explica.
A variante identificada inicialmente na Índia no último mês (B.1.617.2) teve a primeira confirmação no Brasil no Maranhão. Depois, foi a vez de um viajante de 32 anos de Campos dos Goytacazes (RJ) que pousou no Aeroporto Internacional de Guarulhos no dia 22 de maio.
Após a confirmação da mutação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Secretaria Estadual de Saúde diz ter passado a rastrear os outros passageiros que estavam no voo. O infectado, no entanto, já tinha partido no voo doméstico para o Rio de Janeiro.
Segundo a secretaria, ainda não há confirmação da variante no estado, mas deverá ocorrer em breve.
Nós sabemos que [a variante indiana] vai chegar, ela já está circulando. O que o estado está tentando fazer é se antecipar. Estamos aumentando a testagem e tentando mapear esses focos do vírus. É natural que, com o aumento dos testes, a gente descubra também mais casos."
Jean Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde
Este aumento da testagem já havia sido anunciado pelo governo como parte do plano de flexibilização econômica. Segundo o secretário, 1 milhão de testes PCR estão sendo aplicados no estado.
"Toda variante é preocupante"
O infectologista Marcos Boulos, professor da USP (Universidade de São Paulo), diz que, mesmo que vacinas atestem eficácia, as variantes representam um risco maior. Ele também avalia que a chegada da mutação indiana no Brasil pode aumentar o número de casos.
Nós seguimos temendo qualquer variante porque, como elas fogem da defesa humana, têm possibilidade de disseminação maior. Com isso, aumenta internação e aumentam óbitos. A maioria da população não foi vacinada, então é temível."
Marcos Boulos, infectologista
Segundo ele, do "muito pouco" que se sabe sobre a variante identificada na Índia, o principal ponto é que ela tem uma agressividade maior do que a maioria das outras mutações.
"Talvez tenha uma agressividade maior até que a de Manaus, que já é grande. Lá eles falam que também é mais letal, mas isso ainda não foi comprovado. De qualquer jeito, o risco de um aumento de casos agora no Brasil é maior, com a chegada dela", avalia o infectologista.
A recomendação segue a mesma de sempre: evite aglomerações, só saia de casa para fazer o necessário, deixe os encontros para depois. O único jeito de diminuir o efeito é diminuindo a circulação. Variantes mais agressivas em estados controlados tiveram impacto menor. É isso que funciona."
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo
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