Barra Torres: Não é possível deter variante, mas sim retardar entrada
Para o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, é quase impossível que a variante a B.1.1.529, identificada nesta semana na África do Sul, não entre no Brasil. Ele afirma que é possível retardar a entrada dessa nova cepa do coronavírus com a adoção de restrições.
"Vamos tentar retardar, diminuir, fazer com que chegue em menor número", disse o diretor-presidente da agência ao UOL News, programa do Canal UOL.
Torres não descarta a possibilidade de que a variante tenha chegado ao Brasil: "É possível que esse vírus tenha viajado e já esteja em outros locais do mundo — tanto é que, no sul da África, já são seis países [que detectaram a B.1.1.529]."
O grupo de seis países citados por Barra Torres é composto por: África do Sul, Botsuana, Eswatini (ex-Suazilândia), Lesoto, Namíbia e Zimbábue. A Bélgica anunciou hoje que identificou um caso da variante, o primeiro na Europa.
A identificação da nova variante do coronavírus foi anunciada ontem por pesquisadores da África do Sul, preocupando a OMS (Organização Mundial de Saúde) e outros países do mundo, que já começaram a fechar fronteiras.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse hoje que recomendará a todos os países da UE (União Europeia) que suspendam voos de e para países sul-africanos onde a variante já foi identificada.
Hoje pela manhã, a Anvisa publicou uma nota técnica recomendando ao governo a adoção de restrições em aeroportos para pessoas que tenham passado por um dos seis países citados por Barra Torres.
Na nota, a Anvisa recomendou a quarentena para brasileiros ou residentes legais que tiverem passado por um desses países nos 14 dias que antecedem a entrada no Brasil.
A efetivação das medidas depende de portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, Ministério da Infraestrutura e Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Na entrevista ao UOL News, Barra Torres reforçou a recomendação da Anvisa, dizendo que a medida "já está sendo adotada por um número crescente de países". "Precisamos nos proteger dessa variante que parece, de fato, ser motivo de preocupação", afirmou.
A variante identificada no sul da África tem uma proteína de espigão diferente daquela do novo coronavírus original, na qual se baseiam as vacinas contra covid-19 — e isso aumenta a preocupação de que a B.1.1.529 possa "escapar" da proteção de vacinas.
Outras restrições em aeroportos
Hoje mais cedo, porém, embora tenha falado em uma "nova onda" da covid-19, em um momento em que a Europa impõe restrições contra a alta no número de casos do vírus, Bolsonaro rebateu a sugestão de um apoiador que pedia o "fechamento" de aeroportos.
"Não vai vedar, rapaz. Que loucura é essa? Fechou o aeroporto, o vírus não entra? Já está aqui dentro", disse Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada, em gravação feita pelo canal Foco do Brasil, no YouTube.
A fala sucedeu uma recomendação da Anvisa para que o governo federal passe a exigir a apresentação de certificado de vacinação contra a covid-19 para quem estiver vindo de outros países ao Brasil.
Ainda ontem o ministro da Justiça, Anderson Torres, se mostrou contrário ao entendimento da Anvisa, dizendo que um certificado de vacinação contra a covid-19 "não impede a transmissão da doença". Hoje, porém, voltou a defender a medida, lembrando que há países onde a febre amarela é muito presente no contexto local e que, por isso, se exige um comprovante de vacinação contra a doença.
"Não há nada novo sendo criado: só há uma extensão para a covid-19", pontuou, lembrando que, nas escolas, também é comum que pais e responsáveis tenham que provar que a carteira vacinal da criança está em dia para a matrícula ser efetivada. "Se não houver, minimamente, barreiras sanitárias que digam 'venha, mas venha vacinado', entendemos que isso pode ser um risco desnecessário de correr e fácil de evitar."
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