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Brasileiros desistem de viagem após voo de Moçambique ser cancelado

Casal Jefferson e Tania Buffi desistem de viagem ao Brasil após voo de Moçambique ser cancelado pela 2ª vez em 2 anos - Arquivo pessoal
Casal Jefferson e Tania Buffi desistem de viagem ao Brasil após voo de Moçambique ser cancelado pela 2ª vez em 2 anos Imagem: Arquivo pessoal

Thaís Augusto

Do UOL, em São Paulo

01/12/2021 16h00Atualizada em 01/12/2021 16h25

Um casal de missionários desistiu de sua viagem ao Brasil após o voo de Moçambique ser cancelado pela 2ª vez em 2 anos por causa da pandemia de covid-19. Jefferson e Tania Buffi embarcariam em 7 de dezembro, mas a descoberta da variante ômicron na África do Sul, país vizinho de Moçambique, levou companhias aéreas a cancelar o trajeto.

Em 2020, o casal também tentou viajar ao Brasil. A passagem foi comprada antes da OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar a pandemia, em março. "Ainda estou para receber [o dinheiro] das passagens desse tempo", afirmou Jefferson Buffi ao UOL.

Vimos que estava normalizando [a situação pandêmica]. É não é só férias, preciso ir no médico do Brasil, não tem muito recurso aqui. Já faz 3 anos que não vamos [ao Brasil].
Missionário Jefferson Buffi não consegue embarcar após restrições de voos

Na semana passada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estendeu sua recomendação de restrição de viagem a quatro países africanos: São eles: Angola, Malawi, Moçambique e Zâmbia. A decisão ainda cabe ao governo federal.

Até o momento, a portaria publicada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) impede voos da África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Zimbábue e de Eswatini. Para Jefferson, as pessoas confundem o cenário da África do Sul com outros países africanos.

"Aqui onde estamos está tudo normal, mas é vizinho dos países citados. Estamos vacinados, mas achamos melhor cancelar [a viagem]. Ficamos até preocupados com a recepção dos brasileiros com a gente".

Ele conta que conseguiu falar com a agência de viagem, que sugeriu um voo com saída da Etiópia em 18 de dezembro e data de chegada em 21 de dezembro. "Falamos que não daria, que era melhor o reembolso. Neste momento, não quero mais ir ao Brasil".

Jefferson e Tania viajariam com os dois filhos menores de idade.

Nosso psicológico está afetado, as crianças estão arrasadas. Nossos familiares no Brasil se mobilizaram para chegarmos no dia 9 de dezembro, a gente não tem o que fazer, mas fica o sentimento de tristeza e decepção.
Missionário Jefferson Buffi pediu reembolso das passagens aéreas após voo cancelado

A ômicron já foi detectada em pelo menos 23 países e foi considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como "variante de preocupação". A agência, entretanto, se declarou contrária ao fechamento de fronteiras com países africanos.

A cidade de São Paulo confirmou hoje o 3º caso da variante ômicron. O Rio de Janeiro ainda investiga uma possível infecção.

Ômicron estava na Europa antes de ser identificada na África

As autoridades de saúde da Holanda afirmaram ontem que a variante ômicron do coronavírus já estava presente no país em 19 de novembro, ou seja, uma semana antes do que se acreditava até agora.

Até agora, se pensava que os primeiros casos de ômicron na Holanda eram os 14 positivos que desembarcaram em Amsterdã em dois voos procedentes da África do Sul em 26 de novembro.

O que se sabe sobre a ômicron

Até agora, pessoas infectadas pela variante ômicron da covid-19 apresentaram apenas sintomas leves da doença.

"O sintoma mais comum é fadiga intensa por um ou dois dias, seguido de dores no corpo", disse a clínica-geral Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica da África do Sul, em entrevista ao jornal britânico The Telegraph.

No último domingo (28), a OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que a variante pode aumentar a chance de reinfecção pela covid-19, mas tranquilizou ao afirmar tratamentos contra versões anteriores do vírus também têm funcionado contra a ômicron.

Ouvido por VivaBem, o infectologista Alexandre Naime disse que, embora a ômicron tenha se mostrado mais transmissível que outras variantes, ela ainda não se mostrou capaz de provocar um aumento no número de internações e mortes pela doença.

Por enquanto, laboratórios estão conduzindo estudos para saber se as atuais vacinas disponíveis contra a covid-19 são capazes de lidar contra a ômicron.

A variante apresenta alterações que podem fazer com ela consiga "driblar" o sistema imunológico de pessoas já vacinadas contra o novo coronavírus.

A hipótese, porém, ainda está em estudo. "Então, não podemos dizer que as vacinas não funcionam (contra a variante ômicron) — é improvável, inclusive", disse ontem Lúcia Helena, colunista de VivaBem, ao UOL News, programa do Canal UOL.

Segundo o presidente-executivo da BioNTech, a vacina que a empresa faz em parceria com a Pfizer provavelmente proporcionará uma proteção forte contra doenças graves decorrentes da ômicron. Tanto o Reino Unido quanto os Estados Unidos ampliaram seus programas de doses de reforço em reação à nova variante.

Vacinação em massa é medida mais eficaz

A vacinação em massa continua sendo a medida mais eficaz contra a covid-19, protegendo, especialmente, contra a evolução da doença para quadros graves, como internação e morte pelo vírus.

Na última sexta-feira (26), um dia depois da identificação da ômicron, a OMS pediu para que, individualmente, as pessoas ajudem no combate à variante tomando medidas já conhecidas contra a covid-19, como:

  • Uso de máscara bem ajustada ao rosto;
  • Higiene constante das mãos;
  • Distanciamento físico;
  • Melhora da ventilação em ambientes que não sejam ao ar livre, como salas;
  • Preferência por evitar espaços lotados;
  • Se vacinando contra a covid-19.