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Queiroga: Saúde distribuirá doses para vacinar todas as crianças até 15/2

 O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga acompanha o recebimento do primeiro lote de vacinas contra covid-19 para imunizar crianças de 5 a 11 anos, em Guarulhos - Bruno Santos/ Folhapress
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga acompanha o recebimento do primeiro lote de vacinas contra covid-19 para imunizar crianças de 5 a 11 anos, em Guarulhos Imagem: Bruno Santos/ Folhapress

Do UOL, em São Paulo

07/02/2022 09h17Atualizada em 07/02/2022 11h14

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou hoje que todas as doses para a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos serão distribuídas até 15 de fevereiro. No Brasil, 20 milhões de crianças podem se imunizar com a Pfizer e CoronaVac, vacinas pediátricas de duas doses aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"Estamos trabalhando fortemente para antecipar as doses infantis para que os pais exerçam o direito de vacinar seus filhos. Até 15 de fevereiro distribuiremos doses para vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos", disse o ministro em conversa com jornalistas.

Queiroga ressaltou que pais não serão obrigados a imunizar os filhos contra a covid-19. Segundo ele, a obrigatoriedade é "pior".

"É um tema mais sensível, todas as vacinas foram desenvolvidas em curto espaço de tempo, mas temos que avançar de maneira sustentada trazendo os pais para buscar a imunização, sem obrigá-los", afirmou.

Entre as crianças, a vacina pode reduzir em seis vezes a chance de complicação por covid-19, de acordo com dados levantados nos Estados Unidos, país onde há o maior número de jovens imunizados. Os casos reportados de miocardite (uma inflamação do músculo do coração) são raros: a incidência é de 9 a cada 100 mil doses aplicadas (0,009%).

Alguns pais citam o risco de miocardite para não vacinar seus filhos, mas a chance de uma pessoa desenvolver a doença em decorrência da covid chega a ser 60 vezes maior do que pela vacina.

Queiroga diz que vacinas foram desenvolvidas 'em curto espaço de tempo'; pesquisadores explicam

Em meio a pressão da pandemia, farmacêuticas aceleraram os esforços para o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19. O imunizante da Pfizer/BioNTech, por exemplo, foi desenvolvido em apenas 10 meses enquanto doenças como a malária, a dengue, cujo vírus responsável foi identificado há 113 anos, ainda não têm vacina.

A rapidez para o desenvolvimento de vacinas contra a covid-19 fez com que muitas pessoas questionassem a sua segurança —inclusive o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pesquisadores, no entanto, ressaltam que nenhuma etapa foi pulada no processo. "É preciso lembrar que as pesquisas que já estavam sendo feitas desde as epidemias de SARS e MERS, o que contribuiu para esses resultados. Agora, por causa da pandemia, as pesquisas conseguiram mais recursos, mais financiamento e mais apoio de governos e das empresas farmacêuticas", disse a pesquisadora Samantha Vanderslott em entrevista à BBC News.

Além da Anvisa, outros órgãos de saúde apoiam a vacinação contra a covid-19, em adultos e crianças, como o CDC dos Estados Unidos e a OMS (Organização Mundial da Saúde). Para especialistas, a imunização é a principal arma para controlar a pandemia.

Saúde demorou 3 semanas para anunciar vacina em crianças

A vacina pediátrica da Pfizer foi aprovada pela Anvisa em 16 de dezembro de 2021, mas o Ministério da Saúde resolveu adiar a decisão de incluí-las na campanha nacional até o resultado de uma consulta pública sobre o tema.

Na época, o ministro Queiroga dizia que a vacinação infantil não era "consensual" e merecia mais discussões mesmo após o aval da Anvisa, órgão competente para a tomada de decisão. A agência analisou um estudo feito com 2.250 crianças que comprovou que o imunizante da Pfizer é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos.

No caso da CoronaVac, a decisão foi a mesma. Técnicos da agência chegaram a se reunir com infectologistas e pesquisadores do Chile, país onde a vacina já é aplicada em crianças.

Em 20 de dezembro, o ministro da Saúde disse que a "pressa é inimiga da perfeição" ao tratar da vacinação infantil e afirmou que o assunto precisava ser tratado "sem açodamento".

Na consulta pública feita pelo Ministério da Saúde, que recebeu críticas de sociedades médicas e científicas, a maioria dos participantes rejeitou a obrigatoriedade de prescrição médica para vacinar crianças —algo que não é exigido em outras campanhas, como a da gripe.

Na contramão da ciência, o presidente Jair Bolsonaro é contra a vacinação infantil contra a covid-19. Ele já ameaçou divulgar o nome de técnicos da Anvisa responsáveis por aprovar o uso do imunizante infantil e também disse que a atitude da Anvisa é "inacreditável".