Obama anuncia nomeação de Hagel para o Pentágono e de Brennan para a CIA
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Charles Dharapak/AP
Obama (centro), anuncia a nomeação do ex- senador republicano Chuck Hagel (esq.), que ocupará o cargo de secretário de Defesa e John Brennan, que vai comandar a CIA
O presidente americano, Barack Obama, anunciou nesta segunda-feira (7) a nomeação do ex-senador republicano Chuck Hagel para o cargo de secretário de Defesa e seu conselheiro no combate ao terrorismo John Brennan para comandar a Agência Central de Inteligência (CIA).
Hagel é "o líder que nossos soldados merecem", afirmou Obama em um discurso na Casa Branca, no qual também elogiou Brennan e principalmente seu trabalho "incansável", assim como sua experiência na luta contra o terrorismo.
Hagel "entende que os Estados Unidos se mantêm mais fortes quando permanecemos juntos com aliados e com amigos", disse Obama após as críticas feitas pelos legisladores republicanos em razão de uma suposta distância do novo chefe do Pentágono em relação a Israel.
"Não há a menor evidência de que eu seja anti-israelense", disse o próprio Hagel depois de ser nomeado.
Obama anuncia novos cargos da Defesa
Obama disse que Hagel, um republicano que criticou a política de seu partido na guerra do Iraque, obteve o "respeito das autoridades de segurança nacional e dos líderes militares, republicanos e democratas, incluindo eu".
O mandatário classificou Hagel de "patriota americano" e disse que ele desempenhará um papel fundamental como a primeira pessoa com patente de soldado a assumir o Departamento de Defesa.
Essas candidaturas deverão ser avaliadas pelo Senado, donde os aliados de Obama não possuem a maioria necessária para superar uma eventual obstrução republicana.
Hagel, veterano da guerra do Vietnã, pela qual recebeu diversas condecorações, representou o estado do Nebraska (centro) no Senado entre 1997 e 2009. Considerado moderado, mantém boas relações com Obama, com quem manteve um vínculo estreito no Senado.
O ex-senador, de 66 anos, é atualmente presidente do Conselho de Inteligência, submetido à Casa Branca e, se sua nomeação for aprovada, sucederá Leon Panetta, que lidera há mais de dois anos no Departamento de Defesa uma reestruturação que inclui o fim da guerra no Iraque e a retirada das tropas americanas do Afeganistão, em meio a cortes orçamentários.
Republicano moderado, Hagel é conhecido por não ter aderido sempre às posições dominantes de seu partido em matéria de política externa, como por exemplo a estratégia promovida pelo ex-presidente George W. Bush no Iraque.
Vários pesos pesados de sua própria formação fizeram nas últimas semanas duras críticas a Hagel, que tem fama de franco-atirador mas que não demonstra, como seus colegas de partido, um apoio incondicional a Israel e se opõe a sanções contra Teerã por seu programa nuclear.
O influente senador republicano Lindsey Graham, que considerou esta decisão como "incrivelmente polêmica", afirmou por exemplo neste domingo que Hagel "será o secretário de Defesa mais hostil com Israel em toda a história dos Estados Unidos".
Já Brennan, de 57 anos, surgiu nos últimos quatro como o principal conselheiro do presidente no combate ao terrorismo e "tem toda a confiança do presidente", segundo uma autoridade da Casa Branca que falou sob condição de anonimato.
O presidente destacou que Brennan representa "a combinação de força e de inteligência" e sua luta "incansável" contra "o terrorismo" ao longo dos 25 anos que passou na CIA.
"John sabe do que precisa nossa segurança nacional", considerou.
Se for confirmado pelo Senado, Brennan sucederá David Petraeus, prestigioso general de quatro estrelas, que renunciou ao seu cargo depois que uma investigação do FBI expôs uma relação extraconjugal que manteve com sua biógrafa Paula Broadwell.
Em 2009 já se intuía que Brennan pudesse comandar a agência de inteligência americana, mas teve que desistir principalmente depois de ter se declarado a favor de técnicas de interrogatório controversas.
Brennan passou os últimos 25 anos em diferentes postos dentro da CIA, trabalhando em países como Arábia Saudita, e é visto como um especialista em Oriente Médio.
Desempenhou a função de mensageiro de Obama durante a transição política no Iêmen em 2011-2012, e comunicou ao público regras de uso dos drones, ou aviões não-tripulados, na guerra contra a Al-Qaeda, que tem seus aspectos secretos preservados pela CIA.