Obama defende aliança 'inquebrantável' com Israel
Barack Obama se colocou nesta quarta-feira como o grande aliado de Israel, reconhecendo o direito dos israelenses de decidirem sozinhos o momento de um ataque contra o Irã e alertando o regime sírio para a utilização de armas químicas.
Durante a sua primeira visita como presidente americano reeleito, Barack Obama também fez um apelo à paz entre Israel e seus vizinhos, principalmente palestinos.
Já em sua chegada ao aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv, ele proclamou "a aliança eterna" entre os dois países, afirmando que os Estados Unidos estão "orgulhosos de serem o mais forte aliado de Israel".
Netanyahu agradeceu Obama por "defender sem ambiguidade o direito de Israel de existir".
Obama em seguida inspecionou uma bateria do sistema antimísseis 'Iron Dome', financiado pelos Estados Unidos.
A visita do presidente americano, a primeira de seu novo mandato, ocorre dois dias depois da posse do novo governo Netanyahu, que estabeleceu como "prioridade a defesa e a segurança", citando as "graves ameaças" prevenientes, segundo ele, de Irã e Síria.
"Eu não espero que o primeiro-ministro (Netanyahu) tome uma decisão sobre a segurança do seu país e a leve para qualquer outro país", considerou o presidente americano, em resposta a uma pergunta sobre o Irã durante uma entrevista coletiva à imprensa ao lado de Netanyahu em Jerusalém, depois de cerca de duas horas e meia de reunião.
Ele alertou Damasco para a utilização de armas químicas, declarando-se "muito cético" em relação às afirmações segundo as quais os rebeldes sírios teriam recorrido a esses armamentos. A utilização de armas químicas contra o povo sírio seria "um erro grave e trágico", afirmou Obama.
"O regime de Assad deve compreender que terá que prestar contas", acrescentou, indicando que os Estados Unidos investigarão as alegações de utilização de armas químicas na Síria pela primeira vez em dois anos de conflito.
"Solução de dois Estados"
Durante a coletiva com seu homólogo americano, o presidente israelense, Shimon Peres, havia insistido anteriormente sobre a necessidade de impedir que as armas químicas na Síria "caiam em mãos de grupos terroristas".
Já Netanyahu garantiu que Israel se mantém "comprometido em favor da solução de dois Estados para dois povos", para solucionar o conflito com os palestinos.
Sobre o polêmico programa nuclear de Teerã, prioridade da viagem de Obama, a rádio pública israelense considerou que ainda há divergências.
Netanyahu teria pedido que o presidente Obama "lance com mais clareza uma ameaça de ataque militar americano" em caso de o Irã manter seu programa nuclear, segundo o analista político de uma rádio.
Barack Obama, que chamou Benjamin Netanyahu por seu apelido "Bibi" em sete oportunidades, anunciou que os Estados Unidos e Israel "iniciarão discussões" para prolongar a ajuda militar americana para além de 2017, enquanto o Ministério israelense da Defesa anunciou uma visita do secretário de Estado americano de Defesa, Chuck Hagel, em abril.
O presidente americano, que chega tendo como único objetivo "ouvir", mas não lançar uma iniciativa de paz no Oriente Médio, se reunirá na quinta-feira em Ramallah (Cisjordânia) com o presidente palestino, Mahmud Abbas.
Nesta quarta, cerca de 200 militantes palestinos montaram barracas no local de um projeto israelense de construção de uma polêmica colônia entre a Cisjordânia e Jerusalém Oriental ocupados, manifestando também sua desconfiança em relação "à administração americana que apoia a colonização e a ocupação".
Em um artigo publicado pelo jornal israelense Haaretz, o negociador palestino Nabil Shaath pediu ao presidente americano "decisões firmes e corajosas antes que seja tarde demais", exortando-o a desistir de seus "apelos à retomada de um 'processo de paz' sem sentido".
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