Palestinos montam acampamento em área de colônia e protestam contra Obama
Cerca de 200 militantes palestinos montaram barracas na área demarcada de um polêmico projeto de assentamento israelense entre a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, manifestando sua desconfiança em relação à visita do presidente americano, Barack Obama.
O negociador palestino Nabil Shaath pediu que o presidente dos Estados Unidos pare de defender a retomada das negociações com Israel e tome iniciativas adequadas, em um artigo publicado nesta quarta-feira pelo jornal israelense Haaretz.
Os manifestantes ergueram uma dezena de tendas e exibiram uma enorme bandeira palestina em uma colina em frente à "Aldeia de Bab al-Shams", desmantelada pelas forças israelenses em janeiro, na área do projeto E1, de acordo com os participantes e jornalistas da AFP.
"Estas barracas são uma mensagem ao presidente americano Barack Obama para lhe dizer: Chega de parcialidade e apoio a Israel", declarou à AFP um dos organizadores, Abdallah Abu Rahma.
"Nossa mensagem para Obama é que estamos comprometidos com os nossos direitos. Esta terra é nossa, e nós somos contra a colonização e a ocupação apoiada pelo governo dos Estados Unidos", acrescentou.
Soldados israelenses entregaram aos manifestantes uma ordem de evacuação que expira às 20h00 (15h00 de Brasília), caso contrário, serão expulsos à força, indicou Abdullah Abu Rahma, acrescentando que a área havia sido declarada "zona militar fechada".
Os organizadores do Comitê de Coordenação da Luta Popular afirmaram em um comunicado que "uma administração que utilizou 43 vezes de um total de 79 (de 1979 a 2011) seu direito de veto para apoiar Israel contra os direitos dos palestinos e concede a este país uma ajuda militar de 3 bilhões de dólares por ano, não pode fornecer qualquer contribuição para a justiça e os direitos dos palestinos".
A comunidade internacional condenou o projeto E1, que ligará o assentamento israelense de Maale Adumim a áreas de assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental, o que cortaria a Cisjordânia em duas, comprometendo a viabilidade de um Estado palestino.
"Infelizmente, o presidente Obama não será capaz de visitar a Palestina mais do que por algumas horas", escreveu por sua vez Nabil Shaath, mencionando o encontro de quinta-feira entre o mandatário americano e o presidente palestino Mahmud Abbas, em Ramallah, e sua visita à Basílica da Natividade, em Belém (Cisjordânia) na sexta-feira.
"A segregação racial, incluindo no transporte público, foi um período negro na história dos Estados Unidos. Isso está acontecendo hoje na Palestina", afirmou.
"Nós não precisamos de mais 20 anos de negociações para mudar esta realidade. Nós precisamos de decisões corajosas e firmes antes que seja tarde demais", alertou este que há anos realiza conversações de paz com Israel.
"Em vez dos repetidos apelos pela retomada de um 'processo de paz' sem sentido, esperamos ações concretas", disse ele, pedindo ao presidente para "pôr fim à impunidade do governo de Israel e tomar as medidas políticas necessárias".
Além disso, em Hebron, no sul da Cisjordânia, dezenas de pessoas protestaram pela reabertura de uma rua fechada ao tráfego palestino desde 1994, usando máscaras e carregando os retratos de Barack Obama e de Martin Luther King.
"Fim ao Apartheid", estava escrito em um cartaz. Cinco participantes foram detidos pelo Exército israelense, segundo um correspondente da AFP.
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