Opositor que fugiu da Bolívia afirma que deve liberdade ao Brasil

Em La Paz

O senador opositor Roger Pinto, que fugiu da Bolívia depois de 454 dias trancado na embaixada do Brasil à espera de um visto de saída, afirmou em uma carta divulgada nesta segunda-feira (26) por seu partido político em La Paz que deve sua liberdade ao Brasil.

No documento, Pinto agradece a todas as pessoas que possibilitaram sua fuga no domingo passado, em circunstâncias ainda não esclarecidas e que o governo boliviano prometeu investigar.

Pinto agradece na carta de duas páginas à presidente Dilma Rouseff pela concessão do asilo que ele havia solicitado em maio de 2012.

Entenda o caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto

  • Arte/UOL

    28.mai.2012 - Durante encontro com embaixador, o senador boliviano Roger Pinto, da oposição ao presidente Evo Morales, pede asilo político ao Brasil
    8.jun.2012 - O governo brasileiro concede asilo e é criticado por Evo Morales dias depois
    19.jul.2012 - Governo boliviano sobe o tom e acusa o embaixador brasileiro de fazer "pressão"
    2.mar.2013 - Um acordo bilateral decide criar uma comissão para analisar o caso de Roger Pinto
    17.mai.2013 - O advogado do senador pede que o Supremo Tribunal Federal pressione o Itamaraty
    23.ago.2013 - Por volta das 15h, saem da embaixada brasileira em La Paz Roger Pinto, o diplomata brasileiro Eduardo Sabóia e dois fuzileiros navais, em dois carros diplomáticos oficiais. Eles percorrem mais de 1.500 km por terra em uma viagem de mais de 22 horas
    24.ago.2013 - Na tarde deste sábado, os carros chegam a Corumbá, no Mato Grosso do Sul e, à noite, pegam um jatinho de um empresário amigo do senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES) rumo a Brasília
    25.ago.2013 - Roger Pinto, Ferraço e Sabóia chegam a Brasília

Ele também se refere ao embaixador brasileiro Marcel Biato.

Biato "me protegeu e deu segurança e abrigo. Sofreu pessoalmente os rigores deste poder irracional ao qual denuncio, pelo único fato de ter me recebido e, com isso, cumprir com um compromisso internacional".

O senador opositor faz menção especial ao encarregado de negócios Eduardo Saboia, que ficou responsável no Brasil pela decisão de ter retirado disfarçadamente Pinto do país em um veículo diplomático.

Ele chama Saboia de "homem corajoso e inteligente", que sabia do risco a que estava se expondo.

Saboia disse no Brasil que havia ajudado Pinto porque o senador estava tão deprimido que "começou a falar de suicídio".

"Com isto (sua liberdade), termina uma longa jornada de protesto contra as violações dos direitos humanos na Bolívia", acrescentou Pinto em sua "carta aberta ao povo da Bolívia".

"Minha saída prova a Evo Morales (presidente da Bolívia) que o bem finalmente se impõe, e que não há na terra poder mais abjeto do que aquele que usa os votos que um país generosamente o concedeu para humilhar, perseguir e matar aqueles que pensam diferente", escreveu Pinto.

Embora tenha afirmado que perdoa Morales, Pinto também assegura que "seu coração e sua consciência continuarão se rebelando contra o obscuro poder que (Morales) representa".

Ele garante que continuará combatendo o narcotráfico, a corrupção, o abuso de poder e a humilhação sofrida pelos bolivianos que pensam diferente de Morales.

Pinto está sendo julgado em seu país por várias acusações e já foi condenado a um ano de prisão por corrupção, em um processo que está em apelação.

 

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