Malala quer entrar na política para mudar o Paquistão
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Luke MacGregor/Reuters
A jovem paquistanesa Malala Yousafza recebeu em outubro, em Londres, o Prêmio Anna Politkovskaya. A premiação faz referência a uma jornalista russa morta por seu trabalho investigativo e é dedicado às mulheres que atuam em zonas de conflito
A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, ferida pelos talibãs há cerca de um ano por defender o direito das meninas de frequentar a escola, disse nesta segunda-feira (7) que deseja ser política para mudar seu país.
A menina de 16 anos, cuja luta contínua pela educação lhe colocou como uma das favoritas a vencer o prêmio Nobel da Paz nesta semana, expressou seu apoio ao diálogo com os talibãs, embora tenha declarado que isso era um tema do governo.
"Serei uma política no futuro. Quero mudar meu país e quero fazer com que a educação seja obrigatória", disse Malala em uma entrevista à BBC.
"A melhor maneira de resolver um problema e combater a guerra é com o diálogo, de maneira pacífica", acrescentou.
"Mas para mim o melhor modo de lutar contra o terrorismo e o extremismo é fazer uma coisa simples: educar a próxima geração", insistiu.
Malala acrescentou que combater o terrorismo é um assunto de Islamabad e Washington: "não é um tema meu, é o trabalho do governo... e também do governo dos Estados Unidos".
Apesar das ameaças, Malala reiterou seu desejo de voltar ao Paquistão da Grã-Bretanha, para onde foi levada depois de ser baleada na cabeça e onde frequenta a escola.
"O mau de nossa sociedade e de nosso país", declarou em referência ao Paquistão, "é que sempre esperam que venha outra pessoa" para consertar as coisas.
"Se digo que ninguém faz nada pela educação, se digo que não há eletricidade, que não há gás natural, que as escolas estão sendo destruídas, e digo que ninguém se ocupa disso, por que não tento? Por que não faço eu mesma?", se perguntou.
"Acredito que alcançarei este objetivo porque Alá está comigo, Deus está comigo e salvou a minha vida".
Malala admitiu que o Reino Unido causou em sua família uma grande impressão, "especialmente em minha mãe, porque nunca havíamos visto mulheres tão livres, vão a qualquer mercado, sozinhas e sem homens, sem os irmãos ou os pais".