Chanceler iraniano destaca divergências entre potências em tema nuclear

Em Genebra (Suíça)

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, declarou nesta sábado que há divisões entre as grandes potências que tentam negociar um histórico acordo com Teerã sobre seu programa nuclear.

"Alcançamos um acordo sobre algumas questões, mas sobre outras ainda há divergências (...). Há divergências de opinião entre o grupo 5+1" das grandes potências, afirmou, segundo a agência de notícias iraniana ISNA, durante discussões cruciais em Genebra.

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"Os progressos até agora não foram tão ruins (...), mas é possível que não sejamos capazes de terminar nesta noite", afirmou, ressaltando que o acordo estava na etapa do rascunho, mas que ainda é preciso discutir algumas preocupações.

Segundo o chanceler, se não houver nenhum acordo na noite deste sábado em Genebra, as negociações serão retomadas dentro de sete a dez dias, declarou à agência oficial.

"Se não houver acordo (neste sábado) ao anoitecer, as negociações continuarão em uma semana ou em dez dias", disse Zarif em uma pausa após duas horas de negociações com o secretário de Estado americano, John Kerry, e a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

Zarif também mencionou os avanços realizados, mas não demonstrou certeza de que seja alcançado um acordo na noite deste sábado "sobre um texto da declaração comum".


"Até agora, os progressos não são tão ruins (...), mas pode ser que não consigamos terminar esta noite", afirmou, citado pela agência ISNA.

O chanceler considerou "pouco provável" que as negociações prossigam no domingo.

 

"É improvável que as negociações continuem amanhã. Devem terminar esta noite", acrescentou Zarif.

Javad Zarif tinha dito anteriormente que havia sido "alcançado um acordo sobre algumas questões, mas sobre outras ainda (havia) desacordos".

O grupo 5+1 é formado por Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, China e Rússia, todos eles membros do Conselho de Segurança da ONU com direito a veto, além da Alemanha.

Apesar dos progressos realizados nas negociações em Genebra, a conclusão de um acordo, que parecia iminente na sexta-feira, era incerta neste sábado, sobretudo pelas objeções francesas.

Mais cedo, o chanceler francês, Laurent Fabius, declarou que, por enquanto, não há nenhuma certeza de que as grandes potências e o Irã chegarão a um acordo.

Fabius também insistiu em levar em conta as preocupações de segurança de Israel.

"Há um texto inicial que nós não aceitamos" e "não tenho nenhuma certeza de que (um acordo) possa ser concluído" neste momento, disse Fabius à rádio francesa France Inter.

"Há alguns pontos que não nos satisfazem", declarou, citando, em particular, o reator de Arak e a questão do urânio enriquecido.

"Há um estoque de urânio enriquecido a 20%, é muito", disse Fabius, que se perguntou como fazer para que caia a 5%, "o que é muito menos perigoso".

"Se esses pontos não forem solucionados, não será possível" chegar a um acordo, insistiu.

Também "é preciso levar em conta plenamente as preocupações de segurança de Israel e da região", completou o ministro francês.

Em Teerã, vários deputados iranianos criticaram neste sábado as declarações de Fabius, de defender "a postura" de Israel, que criticou o acordo negociado.

"A atitude do representante da França mostra que este país faz chantagem", interpretou Hossein Taghavi, porta-voz da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento iraniano, citado pela agência Fars.

"Em um momento em que a população francesa deseja uma melhora nas relações entre Paris e Teerã, o governo francês infelizmente prefere defender a postura do regime sionista", acrescentou.

Outro deputado conservador, Esmail Kosari, repudiou que a França "expresse a postura do regime sionista, o que provoca o pessimismo do Irã frente às negociações".

Estas críticas foram reveladas por alguns meios de comunicação oficiais presentes em Genebra para cobrir a rodada de negociações.

Para a agência oficial IRNA, Fabius "punha entraves" ao acordo entre Irã e o grupo "5+1".

Paris, que tradicionalmente mantém uma linha dura nas discussões sobre o controverso programa nuclear iraniano, insiste nas questões levantadas pelo chanceler francês desde que Teerã e as grandes potências retomaram as negociações em Genebra.

Na sexta-feira, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, havia denunciado as condições do acordo negociado na Suíça, qualificando-o de "negócio do século para o Irã", seu inimigo direto.

"O acordo discutido é um acordo ruim, um acordo muito ruim. O Irã não estaria obrigado a desmantelar mais que uma centrífuga", criticou.

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