Igreja Emanuel, símbolo da história dos negros no sul dos EUA

Em Charleston

  • Randall Hill/Reuters

    A Igreja Emanuel de Charleston

    A Igreja Emanuel de Charleston

A igreja Emanuel de Charleston, alvo de um massacre de caráter racista, é um forte símbolo da história da comunidade negra no sul dos Estados Unidos, marcado pela escravidão, movimentos de luta pelos direitos civis e as atuais tensões raciais.

Descrita como "mãe Emanuel" por muitos fiéis, a Emanuel African Methodist Episcopal Church (Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel - AME), localizada no centro de Charleston, Carolina do Sul (sudeste), desempenhou um papel importante na cidade, como um lugar de recolhimento espiritual e de reunião de seus habitantes negros.

Existem dezenas dessas igrejas AME nos Estados Unidos, fundadas por negros em reação às igrejas metodistas brancas que se recusavam a recebê-los.

Com suas paredes de tijolos brancos e sua torre sineira coberta por um cata-vento, a alta igreja gótica AME de Charleston é uma silhueta familiar de seus habitantes, que se tornou um modelo para a comunidade negra no país.

Ela nasceu nos anos 1700 quando os escravos começaram a se reunir no local para rezar com ex-escravos, e foi formalmente constituída, tomando o nome de Emanuel AME em 1816.

Na época, era uma das maiores congregações AME do país.

Mas as autoridades da cidade a fecharam duas vezes, alegando violações das leis, muito severas, que proibiam as reuniões de escravos na época.

Complô frustrado

Um dos fundadores da igreja, Denmark Vesey, um ex-escravo que comprou sua liberdade, tentou organizar um levante em 1822.

Ele fomentou, com outros ex-escravos, um plano para matar proprietários brancos de Charleston para libertar os escravos e enviá-los por navio ao Haiti.

Mas a trama foi frustrada antes de sua execução, e Vesay e seus cúmplices foram enforcados.

A igreja foi queimada e os fiéis passaram a se reunir no porão até o final da guerra civil, em 1865.

A igreja reconstruída foi novamente destruída por um terremoto em 1886 e, em seguida, restaurada novamente de maneira extravagante, com tetos altos e um velho órgão importado da Europa.

Tornou-se uma paragem obrigatória para todos os ativistas dos direitos civis, incluindo o seu líder Martin Luther King Jr.

Como a maioria das igrejas AME, continua a ser uma paróquia frequentada essencialmente por negros, apesar da abertura de outras igrejas cristãs com fiéis negros.

A igreja, localizada no bairro histórico de Charleston, é um lugar muito visitado.

Local de encontro e com um forte vínculo social para a comunidade negra, não é incomum ver seus fiéis reunidos no domingo e quarta-feira à noite para estudar a Bíblia.

Foi em uma dessas reuniões de quarta-feira à noite, que é aberta aos visitantes, incentivados a participar, que o assassino se apresentou. Ele permaneceu por uma hora ao lado dos fiéis antes de atirar e matar nove deles.

Entre as vítimas estava o pastor, Clementa Pinckney, 41, casado e pai de dois filhos, que também é senador.

Pinckney havia participado poucas horas antes de uma reunião com Hillary Clinton, candidata democrata à eleição presidencial de 2016, depois de trabalhar no seu gabinete no Senado em Columbia.

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