Abdelhamid Abaaoud, o provável autor intelectual dos atentados de Paris
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AP
Foto sem data mostra o belga Abdelhamid Abaaoud, suspeito de ser o mentor dos atentados a Paris
O belga Abdelhamid Abaaoud, suspeito de ser o instigador dos ataques de sexta-feira (13) em Paris, é um jihadista de 28 anos, membro ativo do grupo Estado Islâmico (EI), que escapa das forças de segurança europeia há vários anos.
Nesta quarta (18), a polícia francesa recebeu uma informação de que ele estaria em um apartamento em Saint-Denis, subúrbio ao norte de Paris, e iniciou uma grande operação na madrugada desta quarta-feira (18) para tentar deter Abaaoud. Dois suspeitos foram mortos e outros sete acabaram detidos, mas ainda não há confirmação de que Abaaoud esteja entre eles, ou de que ele estava mesmo no local.
Abdelhamid Abaaoud nasceu em 1987 no bairro de Molenbeeck, subúrbio de Bruxelas. Ele é conhecido como Abu Omar Susi, nome da região do sudoeste de Marrocos de onde sua família é originária, ou Abu Omar al Baljiki (Abu Omar 'o belga').
"Era um menino estúpido", que assediava colegas e professores e era detido por roubar carteiras, relatou, sob condição do anonimato, um ex-colega de turma ao tabloide belga "La Dernière Heure".
Agora ele se encontra na mira dos investigadores franceses e belgas, que "não excluem" a possibilidade de ele ser o "mentor" dos ataques de Paris, que deixaram 129 mortos e mais de 350 feridos, reivindicados pelo Estado Islâmico.
Suspeito-chave destes ataques, Salah Abdeslam, ativamente procurado pela polícia, que também residiu em Molenbeeck, e seu irmão Brahim, que detonou os explosivos que levava junto ao corpo na sexta-feira, em Paris, conheciam Abaaoud. Todos os três têm antecedentes criminais, segundo a polícia belga.
Belga aparecia em investigações de 2014
Não é a primeira vez que o nome de Abu Omar 'o belga' aparece em uma investigação. No início de 2014, ele estampou as capas dos jornais belgas por ter levado para a Síria o seu irmão Yunis, de 13 anos, apelidado de "o jihadista mais jovem do mundo".
Pouco depois, apareceu em um vídeo de propaganda do EI, com uma barba pré-púbere e um turbante do tipo afegão. Diante da câmera, na direção de uma caminhonete que arrasta corpos mutilados, Abaaoud se diz orgulhoso de cometer atrocidades.
"Antes, rebocávamos jet-skis, quadriciclos, carrinhos cheios de brinquedos ou malas para passar férias no Marrocos. Agora arrastamos infiéis, aqueles que nos combatem, os que combatem o islã", diz, sorridente, em uma mistura de árabe e francês.
De acordo com o jornal flamengo "De Morgen", o pai de Abaaoud enviou seu filho, com o perfil de um jovem "de classe média", a um excelente colégio de Uccle, no sul de Bruxelas.
"Tínhamos uma vida muito boa, uma vida fantástica, eu diria. Abdelhamid não era uma criança difícil e havia se tornado um bom comerciante. Mas, de repente, ele foi para a Síria. Nunca recebi qualquer resposta", havia declarado em janeiro o seu pai, Omar Abaaoud, ao jornal "Dernière Heure".
"Abdelhamid envergonhou a nossa família. Nossas vidas foram destruídas", reagiu seu pai: "Por que, em nome de Deus, ele mataria belgas inocentes? Nossa família deve tudo a esse país", havia explicado Omar Abaaoud, cuja família chegou à Bélgica há 40 anos.
Ele disse que "nunca perdoaria" Abdelhamid por ter "arrastado" seu irmão mais novo Yunis.
500 belgas combatem no Iraque e na Síria
Abaaoud, o mais conhecido dos quase 500 jovens belgas que deixaram o país para combater no Iraque e na Síria, também está ligado à "célula de Verviers".
Em Verviers, uma cidade do leste da Bélgica, a polícia lançou em 15 de janeiro, uma semana depois dos ataques de Paris ao semanário "Charlie Hebdo", uma operação destinada a desmantelar um ataque "iminente". Dois dos suspeitos morreram.
Abaaoud não estava no local. Mas no início de fevereiro, ele reivindicou em uma entrevista à revista do Estado Islâmico, que "planejou" estes ataques frustrados.
"Finalmente conseguimos chegar à Bélgica. Conseguimos armas e um esconderijo, enquanto planejamos operações contra os 'cruzados'", havia dito.
Segundo a imprensa belga, Abaaoud chegou a ser localizado na Grécia de onde se comunicava com os dois jihadistas mortos em Verviers. A polícia grega não conseguiu prendê-lo durante uma operação em Atenas.
"Consegui sair e retornar a El Sham [que em árabe significa Grande Síria, ou a sua capital, Damasco], apesar da vigilância de muitos serviços secretos", comemorou na revista.
A Justiça suspeita que ele tenha instigado um jihadista francês preso em 11 de agosto em seu retorno da Síria a atacar "um alvo fácil", como uma casa de shows.
Em julho, ele foi condenado, em Bruxelas, à revelia, a 20 anos de prisão por recrutamento de jihadistas belgas para a Síria.
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