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Congresso começa a analisar denúncia que pode custar a presidência de Temer

10/07/2017 16h39

Brasília, 10 Jul 2017 (AFP) - A Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados iniciou nesta segunda-feira uma sessão para ouvir o relatório sobre a aceitação da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, dando início a um processo que pode custar o seu cargo.

O autor do relatório, Sérgio Zveiter, deverá dizer se considera que a denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), após ser votada pelo plenário da Câmara, para determinar se será aberto um julgamento.

Caso o STF decida que há motivos para isso, Temer será afastado do cargo por, no máximo, 180 dias.

O início da leitura do relatório foi atrasado por polêmicas entre os 66 membros da CCJ.

Vários representantes da oposição questionaram a concessão de fala à defesa de Temer, alegando que a ata não deve determinar se o presidente é culpado ou inocente, mas se há motivos para o STF analisar o caso.

Temer foi acusado de receber uma propina no valor de 500.000 reais da empresa JBS por meio de seu assessor e homem de confiança, Rodrigo Rocha Loures, fotografado pela polícia pegando uma mala com o dinheiro antes de ser preso.

A Procuradoria afirma que esse dinheiro era destinado a Temer, que nega categoricamente.

Temer conta com uma maioria suficiente para arquivar o caso no plenário, que deverá se manifestar independentemente do parecer da CCJ esta semana.

Para que o caso chegue ao STF, deve ter aprovação de dois terços da Câmara - 342 dos 513 deputados.

- Debandada da base aliada -Mas a sua base aliada já mostrou sinais de debandada desde a divulgação, em meados de maio, de uma gravação feita por Joesley Batista, dono da JBS, em que Temer parece dar o seu aval ao pagamento de propina para comprar o silêncio de Eduardo Cunha.

O próprio Zveiter, do PMDB, deve se pronunciar sobre a aceitação da denúncia, segundo a imprensa.

Analistas acreditam que Temer pode estar com os dias contados.

Aliados do presidente, principalmente do PSDB, assinalaram que viam o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, como alguém capaz de completar o mandato até o fim de 2018.

A cúpula do PSDB, à qual pertence o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se reunirá nesta segunda-feira à noite em São Paulo para definir se irá permanecer na coalizão.

FHC chegou a pedir a Temer que apresentasse a sua renúncia em um "gesto de grandeza".

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