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Oposição venezuelana acusa governo de ridicularizar o diálogo

21/12/2017 21h28

Caracas, 21 dez 2017 (AFP) - Três partidos opositores venezuelanos asseguraram que a decisão da governista Assembleia Constituinte de ordenar que se inscrevam no poder eleitoral para terem direito a disputar as eleições presidenciais de 2018 é "um deboche" à negociação com o governo.

"Alertamos o presidente de República Dominicana, Danilo Medina, e a missão de chanceleres avalistas do processo de negociação sobre estas novas ações que representam um deboche ao esforço de concertação", destacam em um comunicado.

Os partidos afetados são a Ação Democrática, do ex-líder parlamentar Henry Ramos Allup; o Primeiro Justiça, do ex-candidato presidencial Henrique Capriles, e o Vontade Popular, de Leopoldo López - em prisão domiciliar.

Estas organizações, as três principais da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), deverão se reinscrever porque não participaram das municipais de 10 de dezembro, ao considerar que houve irregularidades nas eleições de governadores de 15 de outubro, nas quais o chavismo arrasou.

"A ditadura de (o presidente Nicolás) Maduro desenha e pretende consolidar uma oposição à sua conveniência. Isto não deterá a luta que nossas organizações empreendem por eleições limpas, transparentes", acrescenta do documento.

Os partidos disseram ter faculdade para disputar eleições "ou se absterem de fazê-lo se considerarem que não estão dadas as condições", e lembraram que, segundo a lei, só devem ser validados aqueles que não participarem de duas eleições consecutivas.

"A validar, a validar. Vão reclamar do que? Que reclamem do que quiserem", reagiu na noite de quarta-feira Diosdado Cabello, membro da toda-poderosa Constituinte, ao dar mais detalhes sobre o decreto, que não esclarece se tem efeito retroativo.

Dois dos principais líderes opositores, de qualquer forma, não podem competir: Capriles está inabilitado e López cumpre pena, acusado de instigar a violência em protestos contra Maduro em 2014, que deixaram 43 mortos.

"As organizações políticas para participar dos processos eleitorais nacionais, regionais ou municipais deverão ter participado nas eleições do período constitucional de âmbito nacional, regional ou municipal imediatamente anterior", indica o decreto da Constituinte, integrada exclusivamente por governistas.

Analistas acreditam que o governo antecipará as presidenciais para aproveitar um racha na oposição. Se isto ocorrer, o tempo joga contra estes três partidos opositores no processo de inscrição.

O tema das garantias eleitorais para as presidenciais é a demanda central da oposição na mesa de negociações, que celebrará sua terceira rodada de 11 e 12 de janeiro na República Dominicana.