EUA impõem sanções ao Irã: 6 pontos para entender a crise
Entra em vigor nesta terça-feira (6) uma série de sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Irã. Para Donald Trump, o presidente norte-americano, o regime de Teerã não cumpre os termos do acordo nuclear assinado em 2015. A república islâmica nega e diz que os EUA são desleais.
Relembre 6 episódios da disputa entre as duas potências:
1. Trump diz que Irã mente
Trump anunciou em 8 de maio de 2018 a saída dos Estados Unidos do acordo e o restabelecimento das sanções contra o Irã e as empresas internacionais que façam negócios com o país.
Acertado em 2015 depois de dois anos de negociações entre o Irã, Estados Unidos, China, Reino Unido, França e Alemanha, este pacto permitiu remover uma na parte das sanções contra Teerã e conseguir o compromisso do regime islâmico iraniano de não ter bomba nuclear.
Segundo o Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), o Irã respeitou as condições do acordo. Mas os EUA dizem que isso não é verdade, e o governo de Israel diz ter documentos mostrando que o Irã seguia enriquecendo urânio.
Veja também:
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Depois de sua saída unilateral, Washington indicou que as sanções seriam efetivadas de maneira imediata para os novos contratos e deu um prazo de 90 a 180 dias para que as multinacionais abandonassem suas atividades no Irã.
França, Alemanha e Reino Unido afirmaram estar decididos a garantir a execução do texto e preservar os benefícios econômicos para a população iraniana.
2. Teerã pede ajuda à Europa
Em 8 de maio, o presidente iraniano Hassan Rohani, advirtiu que Teerã poderia deixar de respeitar as limitações impostas pelo acordo nuclear e voltar a enriquecer urânio caso as negociações com os dirigentes europeus, russos e chineses não deem os resultados esperados.
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, exigiu, em 9 de maio, garantias reais aos líderes europeus.
Quatro dias depois, o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, começou uma rodada diplomática para salvar o acordo.
Apesar de os dirigentes europeus se comprometerem em Bruxelas que garantiriam recursos econômicos ao Irã, grandes empresas, como a francesa Total, detiveram suas atividades econômicas no Irã ante o temor das sanções americanas.
3. EUA ameaçam com sanções, e Irã com atividades nucleares
Em 21 de maio, o governo dos Estados Unidos ameaçou o Irã com as sanções "mais fortes da história" caso Teerã não aceitasse as condições para alcançar um "novo acordo", que teria como objetivo reduzir a influência do regime iraniano no Oriente Médio.
A vice-presidente iraniana, Masoumeh Ebtekar, declarou em 8 de junho que o Irã desejava que a preservação do acordo fosse confirmada "o mais rápido possível". Também alertou que o país havia iniciado "os trabalhos preparatórios" para voltar a enriquecer urânio, no caso de um rompimento definitivo do pacto.
4. Uma das chaves é o petróleo
Em 2 de julho, o diretor político do Departamento de Estado, Brian Hook, recordou que Washington estava empenhado em reduzir a zero as exportações de petróleo iranianas. No dia seguinte, Rohani respondeu que as autoridades americanas nunca conseguiriam impedir o Irã de exportar petróleo.
Os dirigentes dos países europeus, da Rússia e da China anunciaram em 6 de julho o desejo de permitir ao Irã a continuidade da exportação de petróleo e gás. O compromisso constava de uma lista de 11 objetivos estabelecidos em Viena durante uma reunião com Teerã.
Dez dias mais tarde, os líderes europeus rejeitaram o pedido dos Estados Unidos de isolar economicamente o Irã e aprovaram medidas jurídicas para proteger as empresas europeias das sanções americanas.
No dia seguinte, no entanto, fontes europeias reconheceram que o governo americano rejeitou o pedido para que Washington não punisse as empresas europeias presentes no Irã.
Então, o governo iraniano elevou o tom com o anúncio de uma denúncia contra o governo dos Estados Unidos na Corte Internacional de Justiça pela retomada das sanções.
5. Líderes falam em 'guerra'
Em 22 de julho, o presidente Rohani advertiu Washington a 'não brincar com o fogo' - utilizando uma expressão em persa que recomenda "não brincar com a cauda do leão" - e afirmou que um conflito com o Irã "seria a mãe de todas as guerras".
Trump reagiu exigindo que o Irã "nunca mais" volte a ameaçar os Estados Unidos.
O presidente americano, porém, mudou o tom do discurso uma semana depois e no dia 30 de julho afirmou que estava disposto a reunir-se com os dirigentes iranianos "quando eles desejarem, sem condições prévias".
"As ameaças, as sanções e os efeitos do anúncio não funcionarão", reagiu o chefe da diplomacia iraniana.
6. Iranianos reclamam da política do país
Manifestantes iranianos atacaram em 3 de agosto uma escola religiosa em uma província próxima a Teerã.
Centenas de pessoas se reuniram nos últimos dias nas grandes cidades iranianas para protestar contra as dificuldades econômicas, que podem aumentar a partir de 7 de agosto com o restabelecimento da primeira bateria de sanções americanas.
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