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Ex-chefe das Farc com pedido de extradição dos EUA é solto na Colômbia

Um dos ex-líderes da Fac, Jesus Santrich - Jaime Saldarriaga/Reuters
Um dos ex-líderes da Fac, Jesus Santrich Imagem: Jaime Saldarriaga/Reuters

30/05/2019 16h05

Um dos ex-líderes das dissolvidas Farc, Jesus Santrich, requerido pelos Estados Unidos por suspeita de tráfico de drogas, foi libertado hoje por ordem da Suprema Corte de Justiça.

"Houve um esquema de segurança na saída de Santrich", disse seu advogado Gustavo Gallado a jornalistas. O ex-comandante, que havia sido preso em abril de 2018, deixou o prédio do Ministério Público fortemente escoltado.

Santrich foi libertado depois que a Suprema Corte ordenou sua liberação "imediata" ontem, reconhecendo seu foro parlamentar como congressista pelo partido que emergiu do acordo de paz com a ex-guerrilha.

A Corte assumiu a investigação contra o também ex-negociador de paz para considerar que é o único juiz competente para interrogar Santrich, que nunca pôde ocupar a cadeira no Congresso após sua prisão para fins de extradição para os Estados Unidos.

Em uma carta enviada ao tribunal na quinta-feira, Santrich expressou sua disposição de comparecer às convocações da Justiça.

A justiça da paz que investiga os maiores crimes do conflito armado ordenou há duas semanas a liberdade do ex-comandante de guerrilha, com 52 anos e deficiente visual.

Em 7 de maio ele foi recapturado após sua libertação da prisão por ordem de um juiz sob novas acusações relacionadas à sua suposta intenção de enviar cocaína para os Estados Unidos.

O governo americano manifestou nesta quinta-feira que considera a decisão da Suprema Corte colombiana "lamentável".

"Respeitamos a decisão do tribunal (...) mas achamos lamentável", disse em coletiva de imprensa a porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus, destacando que os Estados Unidos cumpriram com os requisitos de extradição estabelecidos com a Colômbia, e que as acusações contra Santrich, suspeito de conspiração para enviar 10 toneladas de cocaína para território americano depois da assinatura do acordo de paz, "são muito graves".

O caso Santrich provocou uma reviravolta política e jurídica na Colômbia, profundamente dividida pelo acordo de 2016 que marcou o fim de um sangrento conflito armado de meio século.

Sob pressão dos Estados Unidos, o presidente Ivan Duque, que chegou ao poder com a promessa de modificar o acordo de paz, ratificou sua intenção de extraditá-lo.

Santrich sempre afirmou sua inocência e assegura que as acusações respondem a uma conspiração de Washington e do Ministério Público colombiano.