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Coreia do Norte estaria reduzindo execuções públicas, segundo ONG

Kim Jong Un - REUTERS/Shamil Zhumatov
Kim Jong Un Imagem: REUTERS/Shamil Zhumatov

10/06/2019 19h40

A Coreia do Norte continua realizando execuções públicas para intimidar seus cidadãos, mas essa prática estaria diminuindo ante a crescente pressão internacional, indicou uma ONG nesta terça-feira.

Pyongyang foi acusada por muito tempo de utilizar as execuções públicas para aterrorizar a população, e o líder Kim Jong Un executou conselheiros próximos no passado, incluindo seu poderoso tio Jang Song Thaek em 2013.

Um novo informe do Grupo de Trabalho Justiça Transicional registrou centenas dessas execuções em um período de décadas, as mais recentes em 2015, por acusações tão triviais como roubar uma moeda ou uma vaca.

"As regras de execução pública exigem que três atiradores disparem três rodadas cada um no corpo da pessoa condenada, ou seja, um total de nove balas", disse o grupo com sede em Seul, que busca divulgar o que assegura ser graves abusos dos direitos humanos na Coreia do Norte.

Trata-se de uma tática amplamente utilizada, especialmente contra as elites, acrescentou, "criada para maximizar a intimidação pública, sabendo que a informação sobre os métodos de execução se expandirá por todo o país".

Mas o estudo - baseado em testemunhos de 610 desertores norte-coreanos - também sugere que Pyongyang está cada vez mais preocupado com o olhar internacional, o que o forçou a reduzir essa prática.

"Desde 2005, afirma-se que os enforcamento públicos cessaram ou ao menos diminuíram claramente em sua frequência. Alguns atribuem esta mudança à pressão internacional para pôr fim a esta prática", disse o informe.

Um dos autores do estudo, Ethan Shin, indicou que os dados mostram uma queda das condenações à morte no regime.

"Apesar de que é impossível verificar isto, parece que o número de execuções públicas se encontra em uma tendência declinante", afirmou Shin à AFP.

"As execuções secretas poderiam estar aumentando mas a Coreia do Norte parece mais cuidadosa na hora de decidir por condenações à morte já que busca reconhecimento como um Estado normal", acrescentou.

Um informe de referência publicado em 2014 por uma Comissão de Pesquisa da ONU registrou abusos galopantes dos direitos humanos na Coreia do Norte, desde estupros, torturas e assassinatos extrajudiciais até a existência de prisões políticas.