Sérgio Cabral diz que comprou votos para Rio sediar as Olimpíadas de 2016
Rio de Janeiro, 5 Jul 2019 (AFP) - O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral afirmou nesta quinta-feira que pagou subornos de dois milhões de dólares para os delegados do Comitê Olímpico Internacional, incluindo os ex-campeões olímpicos Serguei Bubka e Alexander Popov, para que Rio fosse escolhido para sediar os Jogos de 2016, informou a imprensa.
A compra de votos foi fraudada com a intermediação do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, afirmou Cabral em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que investiga as denúncias de corrupção na escolha do Rio.
"O [Carlos Arthur, ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro] Nuzman me disse: o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Lamine Diack, se abre para vantagens indevidas", garantiu o ex-governador, que está preso desde o fim de 2016 e foi condenado por vários casos de corrupção durante seu governo (2007-2014).
Entre os nomes citados por Cabral como membros do comitê olímpico que teriam vendido seus votos estão o ex-atleta ucraniano de salto com vara Serguei Bubka e o nadador russo Alexander Popov, segundo o portal de notícias G1.
"Me garantiram que Serguei Bubka, atleta ucraniano, recebeu suborno. Outro atleta que não é do atletismo, mas que segundo eles também recebeu, é o russo Alexander Popov, grande campeão mundial", afirmou, num vídeo da justiça divulgado pela TV Globo.
O dinheiro, segundo Cabral, foi transferido pelo empresário Arthur Soares -homem de sua confiança- a Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack. Os dois milhões de dólares teriam servido posteriormente para pagar membros do COI em troca de votos.
Diack e seu filho devem comparecer perante um tribunal de Paris, por suspeita de participação num sistema de corrupção para encobrir casos de doping de atletas russos.
O ex-governador do Rio afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (2009-2017) sabiam sobre a compra de votos, mas não participaram da negociação nem do pagamento dos subornos.
Os advogados tanto de Lula e como de Paes negam que seus clientes estiveram a par do esquema.
A defesa de Carlos Nuzman também negou a compra de votos relatada por Cabral.
Em 2009, em Copenhague, na cerimônia de escolha da cidade-sede dos Jogos-2016, Rio venceu Madri, Chicago e Tóquio.
mel/jm/lca
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