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Cuba denuncia que EUA sabotam seu programa médico internacional

Médicos cubanos no primeiro dia de curso para trabalharem no Brasil em 2013 - Sérgio Lima/ Folhapress
Médicos cubanos no primeiro dia de curso para trabalharem no Brasil em 2013 Imagem: Sérgio Lima/ Folhapress

Em Havana

29/08/2019 17h55

O governo de Cuba denunciou hoje que os Estados Unidos usam sua agência de desenvolvimento Usaid para desacreditar e sabotar os programas médicos internacionais da ilha, um dos motores de sua economia.

Segundo a chancelaria cubana, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) tem um programa para "financiar ações e buscar informações para desacreditar e sabotar a cooperação internacional de Cuba" na área da saúde.

Para Havana, esse plano faz parte da pressão de Washington "contra vários governos para dificultar a cooperação cubana" e se refere a programa que oferecia benefícios para que médicos cubanos desertassem e emigrassem para os Estados Unidos.

Ontem, funcionários do Departamento de Estado se reuniram nos Estados Unidos com "médicos cubanos explorados pelo programa de missões médicas do regime de Castro", informou através do Twitter a embaixada americana em Havana.

De acordo com essa informação, os médicos "descreveram trabalhos forçados, ameaças a familiares, vigilância e desapropriação de seus salários, repassando assim bilhões de dólares ao regime".

"A calúnia imoral consiste em alegar, sem qualquer fundamento, que Cuba incorre no tráfico de pessoas ou na prática da escravidão", respondeu o Ministério das Relações Exteriores, garantindo que a participação de seus profissionais nos programas é "absolutamente gratuita e voluntária".

Cuba assegura que seus serviços médicos são "legitimamente estabelecidos" entre governos, sob orientação da ONU. O pagamento pelos serviços permite financiar "o sistema de saúde amplo e gratuito" da ilha, disse a chancelaria.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro cancelou a parceria com Cuba no programa "Mais Médicos", ao acusar Havana de não respeitar os direitos de seus profissionais.

O bloqueio econômico dos Estados Unidos a governos socialistas como o de Nicolás Maduro na Venezuela também tem complicado economicamente sua aliada Cuba. Os venezuelanos são os maiores consumidores de serviços médicos cubanos, com cerca de 20 mil profissionais da ilha trabalhando naquele país.

Em agosto, Cuba publicou pela primeira vez, em detalhes, sua receita com a exportação de serviços em 2018. Dos 11,289 bilhões de dólares arrecadados, 6,398 bilhões correspondem a serviços de saúde (56% do total).

Os programas médicos internacionais de Cuba existem há 56 anos. Segundo dados oficiais, mais de 34 mil médicos e paramédicos cubanos trabalharam em 66 países em 2018, em 25 deles de graça.