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Coronavírus: China registra mais 242 mortes por COVID-19 e total vai a 1.350

Com mais 14.840 novos casos de contágio em Hubei, onde a epidemia começou, já são mais de 60 mil pessoas infectadas no mundo - EPA
Com mais 14.840 novos casos de contágio em Hubei, onde a epidemia começou, já são mais de 60 mil pessoas infectadas no mundo Imagem: EPA

12/02/2020 23h35

Pequim, 13 Fev 2020 (AFP) - A província chinesa de Hubei, epicentro da epidemia de COVID-19, registrou 242 novas vítimas em apenas um dia, elevando a mais de 1.350 o número mortos no país, segundo informações das autoridades locais.

Em um novo balanço, as autoridades sanitárias chinesas também confirmaram 14.840 novos casos de contágio em Hubei, onde a epidemia foi identificada em dezembro, subindo a cerca de 60 mil o total de portadores da doença.

O salto enorme no número de contaminados ocorre depois que as autoridades locais anunciaram que estavam mudando a forma de diagnosticar os casos do COVID-19.

Em comunicado, a Comissão de Saúde de Hubei explicou que agora inclui na contagem de casos oficiais que foram "diagnosticados clinicamente". Isso significa que as imagens de pulmão em casos suspeitos podem ser consideradas suficientes para diagnosticar o vírus, em vez de testes padrão de ácido nucleico.

Segundo a Comissão de Saúde de Hubei, a mudança significa que os pacientes podem receber tratamento "o mais rápido possível" e ser "consistentes" com a classificação usada em outras províncias.

A entidade acrescentou que havia feito a mudança "à medida que nossa compreensão da pneumonia causada pelo novo coronavírus se aprofunda e à medida que acumulamos experiência em diagnóstico e tratamento".

"Neste tipo de epidemia há dois métodos: vasculhar de forma ampla para que nenhum enfermo fique de fora ou fazer uma detecção precisa, que leva mais tempo", declarou à AFP Kentaro Iwata, professor da Universidade de Kobe (Japão) e especialista em doenças infecciosas.

"O dilema sempre existe", completou Iwata, que considerou "compreensível" que as autoridades de Hubei optem pela primeira solução ante a urgência.

Líderes políticos afastados

O anúncio do novo enfoque coincidiu com a destituição do principal nome do Partido Comunista da China na província de Hubei, Jiang Chaoliang, que foi substituído pelo prefeito de Xangai, Ying Yong, que é próximo ao presidente Xi Jinping.

O principal dirigente comunista da cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, Ma Guoqiang, também perdeu o cargo.

As destituições são uma resposta à revolta da opinião pública, que considera que as autoridades demoraram a reagir quando surgiram os primeiros casos da doença.

Os dois principais funcionários do Departamento de Saúde da província de Hubei já haviam perdido os cargos.

O governo chinês colocou praticamente 56 milhões de pessoas em uma quarentena gigantesca na província de Hubei, e especialmente na capital Wuhan, além de restringir os movimentos de vários milhões a mais em diversas várias cidades.

O presidente Xi Jinping comandou na quarta-feira uma reunião com as lideranças do Partido Comunista depois da divulgação de números que indicavam uma redução nos casos confirmados pelo segundo dia consecutivo.

A China recebeu elogios da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela transparência na gestão da crise da saúde, mas a população não esconde o ceticismo.

Neste contexto, a nova metodologia adotada pelas autoridades para definir os casos confirmados alimentaria as suspeitas de que o total de diagnósticos positivos estaria subestimado.

Zhong Nanshan, um renomado cientista da Comissão de Saúde, havia afirmado que a epidemia deveria atingir o pico "em meados ou no final de fevereiro".

Em Genebra, Michael Ryan, chefe do departamento de emergência da OMS, declarou "que é cedo demais para tentar prever o fim da epidemia".

"Repercussão negativa"

Também nesta quinta-feira, o ministro da Saúde do Japão, Katsunobu Kato, informou que exames laboratoriais confirmaram 44 novos casos de contaminação com COVID-19 entre pessoas em quarentena a bordo do cruzeiro de luxo "Diamond Princess" que está atracado na costa japonesa.

O número de casos confirmados no navio subiu para 218.

A epidemia ou o temor internacional de contágio provocou o cancelamento do World Mobile Congress (WMC), salão mundial da telefonia móvel de Barcelona, que estava previsto para acontecer entre 24 e 27 de fevereiro.

"O WMC Barcelona 2020 foi cancelado porque a preocupação mundial com a epidemia do coronavírus, a preocupação sobre as viagens e outras circunstâncias tornam impossível a organização do congresso", afirmou em nota a GSMA (órgão comercial que representa os interesses das operadoras de redes móveis em todo o mundo), responsável pelo evento.

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) também anunciou o adiamento do Grande Prêmio da China de Fórmula 1, previsto inicialmente para ser realizado em 19 de abril, em Xangai.

Dado o peso econômico e a posição da China nas redes de suprimento globais, o vírus está afetando empresas em vários setores ao redor do mundo.

Vários países proibiram o desembarque de passageiros procedentes da China, enquanto as principais companhias aéreas suspenderam voos para esse país.

A Administração de Aviação Civil da China (CAAC) pediu na quarta-feira o fim das restrições, apontando seu "impacto negativo" no setor aéreo e na economia mundial, segundo a agência chinesa Xinhua.

A economia nacional permanece em grande parte paralisada, apesar do tímido retorno ao trabalho nesta semana. Muitos alunos acompanham as aulas através da internet e muitos funcionários foram orientados a trabalhar de casa.

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