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Coronavírus: Alemanha se prepara para suspender progressivamente restrições

Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, está vazio por conta do coronavírus  - Getty Images
Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, está vazio por conta do coronavírus Imagem: Getty Images

13/04/2020 10h26

A Alemanha se prepara para suspender gradualmente as restrições relacionadas à nova epidemia de coronavírus, aproveitando uma situação menos dramática do que em outros países europeus, notadamente com mortalidade baixa.

Em suas recomendações publicadas nesta segunda-feira (13), a Academia Nacional de Ciências Leopoldina defendeu um retorno "em etapas" à normalidade se, em particular, os números de novas contaminações "estabilizarem em um nível baixo" e se "medidas de higiene forem mantidas".

É com base nas conclusões desta instituição que a chanceler Angela Merkel deve se pronunciar na quarta-feira, junto com os chefes dos 16 estados regionais, sobre as medidas de contenção lançadas em meados de março e planejadas até 19 de abril.

No domingo, o ministro da Saúde, Jens Spahn, sugeriu uma redução nas medidas coercitivas, mais ou menos rigorosas dependendo da região, que afetam mais de 80 milhões de alemães e atingem severamente a principal economia europeia.

'Por etapas'

Depois da Páscoa, "será uma questão de ver como voltamos por etapas" para uma vida mais normal, disse ele, sem especificar, porém, quais setores seriam privilegiados em um primeiro momento.

A Academia Leopoldina, que se baseia nas opiniões de muitos especialistas em ciências exatas, mas também em ciências sociais, recomenda a reabertura "o mais rápido possível" das escolas fechadas desde 16 de março, a começar com as escolas de ensino fundamental e médio.

Os exames escolares também devem ser realizados na medida do possível. A maioria das creches deve permanecer fechada.

Lojas e restaurantes também poderiam reabrir suas portas, bem como repartições públicas, desde que as "medidas de barreira", em particular a lavagem regular das mãos e o respeito do distanciamento social, sejam escrupulosamente respeitados.

O presidente da Academia Leopoldina, Gerald Haug, alertou que esse relaxamento pode ocorrer apenas acompanhado da obrigação de usar máscara de proteção nos transportes públicos.

"Todo cidadão no futuro deve ter esse tipo de proteção de boca e nariz e usá-lo sempre que as regras do distanciamento social não puderem ser respeitadas", disse ele em entrevista à revista semanal "Der Spiegel".

"Devemos, a todo custo, evitar uma segunda onda de infecções", alertou.

A Alemanha tem 123.016 casos confirmados de COVID-19, com uma queda notável no número de novos contágios registrados diariamente.

Este relatório, que também recomenda a retomada "pouco a pouco" de eventos culturais ou esportivos, chega em um momento em que a pressão a favor de uma redução progressiva das medidas coercivas está aumentando, em um país profundamente ligado às liberdades públicas e com uma economia que sofre com o confinamento.

O influente líder da região da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, pressionou Merkel, solicitando "uma perspectiva de normalização".

Com 18 milhões de habitantes, a mais populosa da Alemanha, sua região também é uma das mais afetadas pela pandemia.

'Perspectiva de normalização'

"Precisamos de um roteiro que nos mostre o caminho para o retorno à normalidade com total responsabilidade", acrescentou o aliado de Angela Merkel e candidato à presidência da União Democrática Cristã (CDU) durante uma intervenção na televisão.

A presidente em final de mandato da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, também mencionou a possibilidade de se adotar "primeiros passos" para romper o confinamento, após o fim de semana da Páscoa.

Os últimos números publicados pelo instituto de monitoramento de saúde Robert-Koch também parecem confirmar uma ligeira melhora na situação.

Se a COVID-19 causou 2.799 mortes no país - um nível bem abaixo de seus parceiros europeus, incluindo França e Itália -, a taxa de aumento diário no número de casos diminuiu para 2.537 nesta segunda-feira.

Outro fator encorajador é que o número de pessoas curadas pelo novo coronavírus agora excede o número de pacientes.

O ministro da Saúde lançou, porém, um alerta: assim como no restante do mundo, o novo coronavírus terá um impacto a longo prazo.

"O vírus permanecerá. Teremos que conviver com ele de forma sustentável", afirmou Jens Spahn.