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Uruguai busca política de saúde 'binacional' com Brasil contra coronavírus

Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou durante discurso em Montevideo - MARIANA GREIF/ REUTERS
Presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou durante discurso em Montevideo Imagem: MARIANA GREIF/ REUTERS

06/05/2020 18h45

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse nesta quarta-feira que seu governo busca avançar para uma política de saúde "binacional" com o Brasil, a fim de evitar infecções em massa pelo novo coronavírus na fronteira.

"Veremos os recursos, porque a necessidade existe. Obviamente, neste caso não depende apenas do governo uruguaio, mas também do brasileiro, que estou certo que estará em sintonia", assinalou o presidente.

Em entrevista coletiva no departamento de Cerro Largo, aonde viajou para verificar o controle das Forças Armadas na fronteira, Lacalle Pou afirmou que as duas chancelarias mantêm uma colaboração contínua desde o começo da pandemia.

A fronteira com o Brasil "tem uma vida binacional. Compra-se de um lado e vive-se do outro, trabalha-se do outro, não podemos interromper isso", assinalou o presidente, insistindo em pedir à população "maior precaução e cuidado", e numa "presença sanitária uruguaia maior" naquela região.

Consultado sobre os trabalhadores brasileiros de uma fábrica de cimento localizada no departamento de Treinta y Tres que testaram positivo para o novo coronavírus, o presidente destacou que se reagiu a tempo e "o sistema funcionou".

O que ocorreu em Treinta y Tres, assinalou Lacalle Pou, serviu de exemplo para planejar um protocolo para a safra de cana-de-açúcar, que começa no próximo dia 20 em Bella Unión, no departamento fronteiriço de Artigas (norte).

"Dos 1,5 mil trabalhadores, cerca de 300 que não são, necessariamente, brasileiros vivem do outro lado. O tipo de trabalho faz com que entrem e saiam do país várias vezes nos cinco meses que dura a safra", explicou o presidente.

Diante disto, está sendo planejada a realização de testes em massa nos trabalhadores que vierem do Brasil, e, "eventualmente", em outros, aleatórios, durante a safra.

Embora o Brasil seja o país latino mais afetado pela pandemia, o presidente Jair Bolsonaro incentiva a abertura e desacredita as medidas de prevenção. Consultado se a coordenação com o país vizinho é difícil, Lacalle Pou respondeu: "O objetivo final que buscamos é a coordenação e um acordo. Qualquer palavra que não vá neste sentido não sairá da minha boca. Na fronteira, a relação é muito boa."