Revelações sobre impostos de Trump acirram preparação para debate com Biden
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi acusado no domingo pelo jornal New York Times de pagar apenas 750 dólares em impostos federais em 2016, ano em que ganhou as eleições presidenciais, uma informação que aumenta a polêmica sobre suas declarações fiscais antes do primeiro debate contra o democrata Joe Biden, na terça-feira.
A investigação do NYT publicada no domingo inclui dados de mais de 20 anos de declarações fiscais do presidente.
"Ele não pagou qualquer imposto sobre a renda em dez dos quinze anos anteriores, em grande parte porque declarou mais perdas do que receitas", escreveu o jornal americano.
Trump classificou as informações divulgadas pelo NYT de "fake news, totalmente inventadas".
"Paguei muito, e também paguei muitos impostos de renda a nível estadual, o estado de Nova York cobra muitos impostos", declarou em uma entrevista coletiva na Casa Branca.
As declarações de imposto de renda do ex-magnata imobiliário estão no centro de uma batalha jurídica, já que Trump sempre se negou a publicá-las, indo contra a tradição criada por seus antecessores na presidência dos Estados Unidos.
"O New York Times obteve informações fiscais dos últimos 20 anos do senhor Trump e das centenas de empresas que compõe seu grupo, incluindo informações detalhadas sobre seus primeiros dois anos no cargo. Isto não inclui suas declarações de imposto de renda pessoais de 2018 e 2019", explicou o jornal, que promete novas revelações nos próximos dias.
Ao contrário de todos os antecessores na presidência desde a década de 1970, Trump, cujo conglomerado familiar não tem ações na Bolsa e que fez da fortuna um argumento de campanha, se nega a publicar as declarações de imposto de renda, travando há anos uma batalha judicial para que estas não sejam divulgadas.
Esta falta de transparência dá margem para especulações sobre o verdadeiro volume de sua riqueza e possíveis conflitos de interesses.
Algumas horas antes da revelação do NYT, Trump voltou a criticar a agilidade mental de seu adversário democrata na disputa pela Casa Branca, Joe Biden, exigindo que o ex-vice-presidente de Barack Obama faça um teste de drogas antes ou depois do primeiro debate entre ambos na terça-feira.
"Pedirei insistentemente um teste de drogas para Joe 'o Dorminhoco' antes ou depois do debate de terça-feira à noite", escreveu o presidente no Twitter. "Naturalmente aceitarei fazer um também".
O debate de terça-feira em Cleveland - o primeiro de três de 90 minutos de duração - representa a primeira vez que eleitores terão a chance de ver os candidatos se enfrentando diretamente, a pouco mais de um mês das eleições de 3 de novembro, que prometem ser tensas e acirradas.
Biden chegará ao debate com uma ligeira vantagem nas pesquisas, mas com uma famosa propensão a cometer gafes e uma falta de agilidade nas palavras que o fez reconhecer no sábado que o embate com Trump será "difícil".
No centro do choque televisionado estará a gestão da crise da covid-19, responsável por mais de 204.000 mortos nos Estados Unidos e pela alta do desemprego no país, que atingiu duramente as minorias afro-americana e latina.
O político democrata, que devido à pandemia realiza uma campanha discreta, com poucos eventos e exposição, estará sob forte pressão.
Este primeiro debate será moderado pelo jornalista Chris Wallace, da emissora conservadora Fox News.
Trump não para de criticar seu adversário de 77 anos, afirmando que Biden sofre de algum tipo de deterioração cognitiva por conta da idade.
"Suas atuações nos debates foram DESIGUAIS a níveis recordes, para dizê-lo suavemente. Somente as drogas poderiam causar esta discrepância???", escreveu nas redes sociais o presidente, sem dar qualquer tipo de prova ou exemplo.
Trump também afirma que Biden, um político de longa trajetória na ala moderada do Partido Democrata, é uma "marionete" da esquerda radical.
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