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EUA: os diversos cenários que emergem nos últimos 12 dias do mandato de Trump

Oficialmente, Donald Trump deixa a presidência no dia 20 de janeiro, quando Joe Biden toma posse em Washington - Mandel Ngan/AFP
Oficialmente, Donald Trump deixa a presidência no dia 20 de janeiro, quando Joe Biden toma posse em Washington Imagem: Mandel Ngan/AFP

09/01/2021 00h16

Ser destituído, renunciar, sair dos holofotes ou se livrar de todas as convenções? Vários cenários emergem nos últimos 12 dias do mandato de Donald Trump após a invasão do Capitólio por seus apoiadores.

Democratas, colunistas e até mesmo algumas vozes republicanas querem destituir imediatamente o presidente Donald Trump, que, como apresentador de reality show, costumava falar aos participantes o famoso bordão: "Você está demitido!".

Os opositores pedem ao vice-presidente Mike Pence para ativar a 25ª Emenda à Constituição, que permite que um presidente considerado "inapto" para servir no cargo seja destituído. No entanto, o leal Pence não é a favor da ideia, de acordo com a mídia americana.

Para agir, Pence também precisaria do apoio da maioria dos membros do gabinete de Trump, o que parece impossível, principalmente depois da saída de dois secretários por conta da violência da última quarta-feira.

Um segundo julgamento político

Se Mike Pence não agir, o Congresso iniciará novos procedimentos de impeachment, como os líderes democratas anunciaram.

Uma acusação por "incitamento à insurgência" poderia ser apresentada no plenário da Câmara de Representantes na segunda-feira, segundo a imprensa.

Para destituir Donald Trump, o presidente teria que ser considerado culpado por dois terços do Senado, o que aparenta ser uma batalha difícil antes de Joe Biden tomar posse em 20 de janeiro.

O fato é que um segundo julgamento de impeachment, após o fracasso do primeiro no início de 2020, deixaria uma marca indelével em seu histórico: nenhum presidente americano sofreu essa desonra.

Renúncia

O Wall Street Journal, de propriedade do magnata Rupert Murdoch, aliado de Donald Trump, pediu ao presidente que "assumisse a responsabilidade pessoal e renunciasse". "É melhor para todos, incluindo ele mesmo, se ele sair discretamente", escreveram seus colunistas.

"Quero que ele renuncie. Quero que ele saia. Ele causou muitos danos", disse a senadora republicana Lisa Murkowski, moderada, em uma entrevista ao Anchorage Daily News. "É a coisa certa a fazer, mas não tenho certeza se [Trump] seja capaz de fazer a coisa certa", acrescentou.

Apesar de sua mudança de tom na quinta-feira, o presidente não conectou seus apelos inflamados a seus apoiadores à multidão que mais tarde invadiu o Congresso.

Pouco inclinado à autocrítica, seria surpreendente se ele seguisse o conselho de Murkowski.

Férias na Flórida

Aqueles que o mandatário ainda escuta "deveriam dizer ao presidente Trump para sair da cidade: pegue o [avião presidencial] Air Force 1, vá para Mar-a-Lago e fique lá", palpitou o ex-secretário de Segurança Interna de Barack Obama, Jeh Johnson, à rede NPR, citando a residência do presidente na Flórida.

"Quanto menos o presidente fizer durante os próximos doze dias, melhor será", concordou o senador republicano Ben Sasse à mesma rádio.

Entusiasta do golfe, Donald Trump possui muitas propriedades na Flórida, Virgínia, mas também na Escócia, onde passou muito tempo durante sua presidência e poderia voltar.

O presidente em fim de mandato também foi privado de sua segunda ocupação favorita desde sexta-feira: tuitar. A plataforma anunciou que suspendeu permanentemente sua conta.

Fortalecer para 2024

Donald Trump, que antes desses acontecimentos havia mencionado a possibilidade de uma nova candidatura presidencial em 2024, pode não ter desistido.

Assim, o republicano pode se ver tentado a usar os últimos dias de seu mandato para solidificar sua base eleitoral.

Apesar das promessas de garantir uma transição "tranquila", Trump anunciou que não comparecerá à cerimônia de posse de seu sucessor, algo inédito desde 1869.

De acordo com relatos da mídia, Trump planeja uma visita à fronteira do sul na próxima semana para elogiar sua firmeza na política de imigração.

Ele também considera dar uma entrevista de fim de mandato que, sem um roteiro a seguir, poderia repercutir seus discursos usuais e teorias da conspiração.

De acordo com diversos meios de comunicação, Trump também questionou seus assessores nas últimas semanas sobre a possibilidade de conceder a si mesmo o indulto presidencial.