EUA: os diversos cenários que emergem nos últimos 12 dias do mandato de Trump
Ser destituído, renunciar, sair dos holofotes ou se livrar de todas as convenções? Vários cenários emergem nos últimos 12 dias do mandato de Donald Trump após a invasão do Capitólio por seus apoiadores.
Democratas, colunistas e até mesmo algumas vozes republicanas querem destituir imediatamente o presidente Donald Trump, que, como apresentador de reality show, costumava falar aos participantes o famoso bordão: "Você está demitido!".
Os opositores pedem ao vice-presidente Mike Pence para ativar a 25ª Emenda à Constituição, que permite que um presidente considerado "inapto" para servir no cargo seja destituído. No entanto, o leal Pence não é a favor da ideia, de acordo com a mídia americana.
Para agir, Pence também precisaria do apoio da maioria dos membros do gabinete de Trump, o que parece impossível, principalmente depois da saída de dois secretários por conta da violência da última quarta-feira.
Um segundo julgamento político
Se Mike Pence não agir, o Congresso iniciará novos procedimentos de impeachment, como os líderes democratas anunciaram.
Uma acusação por "incitamento à insurgência" poderia ser apresentada no plenário da Câmara de Representantes na segunda-feira, segundo a imprensa.
Para destituir Donald Trump, o presidente teria que ser considerado culpado por dois terços do Senado, o que aparenta ser uma batalha difícil antes de Joe Biden tomar posse em 20 de janeiro.
O fato é que um segundo julgamento de impeachment, após o fracasso do primeiro no início de 2020, deixaria uma marca indelével em seu histórico: nenhum presidente americano sofreu essa desonra.
Renúncia
O Wall Street Journal, de propriedade do magnata Rupert Murdoch, aliado de Donald Trump, pediu ao presidente que "assumisse a responsabilidade pessoal e renunciasse". "É melhor para todos, incluindo ele mesmo, se ele sair discretamente", escreveram seus colunistas.
"Quero que ele renuncie. Quero que ele saia. Ele causou muitos danos", disse a senadora republicana Lisa Murkowski, moderada, em uma entrevista ao Anchorage Daily News. "É a coisa certa a fazer, mas não tenho certeza se [Trump] seja capaz de fazer a coisa certa", acrescentou.
Apesar de sua mudança de tom na quinta-feira, o presidente não conectou seus apelos inflamados a seus apoiadores à multidão que mais tarde invadiu o Congresso.
Pouco inclinado à autocrítica, seria surpreendente se ele seguisse o conselho de Murkowski.
Férias na Flórida
Aqueles que o mandatário ainda escuta "deveriam dizer ao presidente Trump para sair da cidade: pegue o [avião presidencial] Air Force 1, vá para Mar-a-Lago e fique lá", palpitou o ex-secretário de Segurança Interna de Barack Obama, Jeh Johnson, à rede NPR, citando a residência do presidente na Flórida.
"Quanto menos o presidente fizer durante os próximos doze dias, melhor será", concordou o senador republicano Ben Sasse à mesma rádio.
Entusiasta do golfe, Donald Trump possui muitas propriedades na Flórida, Virgínia, mas também na Escócia, onde passou muito tempo durante sua presidência e poderia voltar.
O presidente em fim de mandato também foi privado de sua segunda ocupação favorita desde sexta-feira: tuitar. A plataforma anunciou que suspendeu permanentemente sua conta.
Fortalecer para 2024
Donald Trump, que antes desses acontecimentos havia mencionado a possibilidade de uma nova candidatura presidencial em 2024, pode não ter desistido.
Assim, o republicano pode se ver tentado a usar os últimos dias de seu mandato para solidificar sua base eleitoral.
Apesar das promessas de garantir uma transição "tranquila", Trump anunciou que não comparecerá à cerimônia de posse de seu sucessor, algo inédito desde 1869.
De acordo com relatos da mídia, Trump planeja uma visita à fronteira do sul na próxima semana para elogiar sua firmeza na política de imigração.
Ele também considera dar uma entrevista de fim de mandato que, sem um roteiro a seguir, poderia repercutir seus discursos usuais e teorias da conspiração.
De acordo com diversos meios de comunicação, Trump também questionou seus assessores nas últimas semanas sobre a possibilidade de conceder a si mesmo o indulto presidencial.
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