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A "missão final" do cacique Raoni para salvar a Amazônia

O cacique Raoni tem uma longa história de luta pela preservação da floresta, e é considerado por outros povos uma liderança - Giovanni Bello/BBC News Brasil
O cacique Raoni tem uma longa história de luta pela preservação da floresta, e é considerado por outros povos uma liderança Imagem: Giovanni Bello/BBC News Brasil

17/02/2021 14h36Atualizada em 18/02/2021 08h38

O cacique brasileiro Raoni Metuktire, que aos 91 anos continua a ser um ícone na defesa da Amazônia, fará um apelo global na quinta-feira (18) por ajuda em relação à região com sua "missão final": obter status de proteção para as terras ancestrais onde nasceu.

Raoni, um líder kayapó, participará de um evento ao vivo no Facebook chamado "Protejamos a Amazônia", organizado por vários grupos ambientalistas que buscam pressionar o governo de Jair Bolsonaro para proteger a maior floresta tropical do planeta.

"Fico muito triste quando vejo como nossas terras estão sendo destruídas mais a cada dia", afirmou Raoni em vídeo pré-gravado para o evento e compartilhado com a AFP.

"Quero que (o governo) demarque oficialmente a reserva indígena Kapot-Nhinore. É minha missão final. Sou muito velho, mas tenho que fazer isso", ressaltou o cacique.

Raoni, que sobreviveu à covid-19 no ano passado, nasceu no território Kapot-Nhinore, uma faixa de floresta localizada entre os estados do Mato Grosso e Pará que já esteve isolada, porém hoje está ameaçada pela agricultura e pecuária ilegais.

Ambientalistas afirmam que uma das melhores formas de proteger essas áreas é demarcá-las como reservas indígenas, onde estão proibidas todas atividades de mineração ou agrícola não tradicional.

No entanto, o processo de demarcação se vê ameaçado pelo presidente Bolsonaro, um cético em relação às mudanças climáticas que pressiona pela abertura das terras protegidas ao garimpo e ao agronegócio.

Raoni e outro importante líder indígena, o cacique Almir Narayamoga Surui, pediram no mês passado ao Tribunal Penal Internacional que investigasse Bolsonaro por crimes contra a humanidade, acusando-o de "perseguir" indígenas, destruir seu habitat e ignorar seus direitos.

No país, o desmatamento na Amazônia aumentou desde que Bolsonaro assumiu a presidência, em 2019, destruindo uma área maior que a Jamaica no ano passado.

"Hoje, temos um estado de emergência absoluto na Amazônia, porque o Bolsonaro está detonando todas as medidas para proteger a floresta e as terras indígenas", declarou Gert-Peter Bruch, fundador da ONG francesa Planète Amazone, uma das organizadoras do evento da quinta-feira , que começa às 19h00 GMT.

Nele participarão importantes ambientalistas, como a primatologista Jane Goodall, a fundadora da organização americana Sea Shepherd, Paul Watson e a princesa Maria Esmeralda da Bélgica.