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Israel e Hamas trocam agressões pela 1º vez desde cessar-fogo em Gaza

15.jun.2021 - A polícia de Israel detém um palestino durante confrontos que eclodiram antes de uma procissão de jovens de extrema-direita, na Cidade Velha de Jerusalém - REUTERS / Ammar Awad
15.jun.2021 - A polícia de Israel detém um palestino durante confrontos que eclodiram antes de uma procissão de jovens de extrema-direita, na Cidade Velha de Jerusalém Imagem: REUTERS / Ammar Awad

Da AFP, em Territórios palestinos

16/06/2021 13h36Atualizada em 16/06/2021 14h15

A aviação israelense atacou posições do Hamas na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (16, quinta-feira, 15 de Brasília), um dia após balões incendiários terem sido lançados do território palestino para o sul de Israel, nos primeiros grandes incidentes desde o cessar-fogo de maio.

Os ataques aéreos israelenses são os primeiros desde que o novo governo liderado pelo ex-ministro da Defesa Naftali Bennett assumiu o poder no domingo passado, encerrando mais de 12 anos de governo ininterrupto de Benjamin Netanyahu.

Neste contexto, o rei do Marrocos, Mohamed VI, enviou nesta quarta-feira (16) suas "cordiais felicitações" a Bennett, mais de seis meses após a retomada das relações diplomáticas entre os dois países.

Essa mensagem foi enviada no mesmo dia em que se esperava a chegada de uma delegação palestina do Hamas ao reino, liderada pelo seu chefe político Ismail Haniyeh.

Mohamed VI também destacou para Bennett "a determinação do Reino do Marrocos em prosseguir com seu papel (...) a favo de uma paz justa e duradoura no Oriente Médio", segundo um comunicado oficial.

Bennett, em outro comunicado, disse estar "determinado a reforçar as relações israelense-marroquinas em todos os âmbitos".

Primeiros incidentes após trégua

De acordo com fontes palestinas, a aviação israelense teve como alvo pelo menos um local a leste de Khan Younis, uma cidade ao sul da Faixa de Gaza, o enclave empobrecido de dois milhões de pessoas.

Cerca de mil apartamentos, escritórios e lojas foram destruídos na última guerra com Israel, a quarta desde 2008.

O Exército israelense confirmou em comunicado que seus "aviões de guerra" atacaram locais do Hamas usados para "reuniões" desse movimento, em retaliação ao lançamento de balões incendiários nesta terça-feira, que causaram uma série de incêndios no sul de Israel, segundo os bombeiros locais.

Estes são os primeiros ataques israelenses ao território palestino, controlado por islâmicos do Hamas, desde a chegada ao poder no domingo de uma coalizão heterogênea que encerrou 12 anos de governo de Benjamin Netanyahu em Israel.

Os ataques e o lançamento de balões incendiários são os primeiros incidentes entre Israel e Gaza desde o cessar-fogo de 21 de maio, que pôs um fim a 11 dias de uma guerra que deixou 260 mortos do lado palestino, incluindo crianças e adolescentes, e 13 falecidos em Israel, incluindo uma criança e um adolescente.

Os ataques ocorrem após uma manifestação de nacionalistas e da extrema-direita que reuniu mais de mil pessoas nesta terça-feira em Jerusalém Oriental, um setor palestino da cidade ocupada por Israel em 1967.

Além disso, soldados israelenses mataram, nesta quarta-feira na Cisjordânia, uma mulher que, segundo eles, tentou atacar vários militares com seu carro.

O ministério palestino da Saúde se limitou a confirmar a morte, que ocorreu perto de Ramallah, na Cisjordânia. A agência de notícias palestina Wafa identificou a mulher como Mai Jaled Yussef Afana, de 29 anos, natural de Abu Dis, cidade palestina próxima a Jerusalém.

Seu tio, Hani Afana, disse à AFP que a jovem "pegou essa estrada por engano e não tentou cometer um ataque, conforme afirma o ocupante (Israel)".

"Mai havia se formado recentemente em uma universidade jordaniana, tinha uma filha de quatro anos e não tinha problemas", acrescentou.

Pedido por moderação

Os Estados Unidos e a ONU pediram moderação em face dessa polêmica demonstração que o novo governo israelense de Naftali Bennett autorizou.

O movimento Hamas, que fez da defesa de Jerusalém sua principal política nas últimas semanas, ameaçou Israel com retaliação se a manifestação se aventurasse nos bairros muçulmanos da cidade.

A "marcha das bandeiras" comemorou o "dia de Jerusalém" para os israelenses, quando a parte oriental da cidade foi ocupada e anexada em 1967, uma ação ainda considerada ilegal pelo direito internacional.

Os manifestantes, incluindo personalidades da extrema direita como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, chegaram à praça em frente ao Portão de Damasco, que dá acesso ao bairro muçulmano da cidade, onde fica a Esplanada das Mesquitas.

"O povo eterno não teme uma longa estrada", gritavam os manifestantes enquanto agitavam bandeiras azuis e brancas de Israel. Gritos de "morte aos árabes" também foram ouvidos, segundo uma equipe da AFP no local.

Em solidariedade aos palestinos feridos nos confrontos, o Hamas disparou foguetes contra as grandes cidades de Israel, que responderam com pesados ataques marcando o início de uma guerra de 11 dias, que terminou com um cessar-fogo negociado através do Egito.