Jornalistas de Hong Kong denunciam ataques contra a liberdade de imprensa
A liberdade de imprensa está "em ruínas" em Hong Kong devido ao forte controle do poder central na ex-colônia britânica, afirmou ontem o principal sindicato de jornalistas do território semiautônomo, que teme a imposição de uma lei sobre a desinformação.
"O ano passado foi, sem dúvida, o pior ano para a liberdade de imprensa", disse o presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA), Ronson Chan, na apresentação do relatório anual.
O relatório faz um balanço de vários dos acontecimentos que impactaram a imprensa desde que Pequim impôs, há um ano em Hong Kong, uma lei de segurança nacional que se transformou no principal instrumento de repressão contra os dissidentes.
Os autores do relatório citam particularmente a prisão do magnata da mídia Jimmy Lai, uma das figuras do campo pró-democracia, e o congelamento dos ativos de seu jornal Apple Daily, que levou ao fechamento de um dos veículos mais críticos à política do governo central.
Cerca de mil funcionários ficaram desempregados, entre eles 700 jornalistas.
Lai e vários dos responsáveis do jornal estão atualmente na prisão, acusados de arruinar a segurança nacional chinesa.
A HKJA acusa o governo de Hong Kong de ter transformado a emissora pública RTHK em "um aparelho governamental de propaganda", demitindo as vozes críticas e eliminando alguns programas.
"As liberdades diminuíram gravemente sob a ação de um governo repressivo", afirmou o relatório.
Ronson Chan disse que estava preocupado com o impacto das leis pendentes, especialmente uma sobre "notícias falsas" proposta por parlamentares oficialistas.
Os críticos deste projeto a veem como uma iniciativa que, em última instância, apontará contra conteúdos que não agradarem as autoridades.
No ranking anual de liberdade de imprensa publicado pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), Hong Kong despencou, passando da 18ª posição em 2002 para a 80ª este ano.
A China continental ocupa o 177º lugar sobre 180 países. Apenas o Turcomenistão, a Coreia do Norte e a Eritreia ocupam posições mais baixas.
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