Incêndios na Grécia se aproximam de Atenas e deixam 1 morto e 16 feridos
Atenas, 6 Ago 2021 (AFP) - Um homem de 38 anos, habitante de Ippokrateio, uma cidade do norte de Atenas afetada por um grande incêndio, morreu hoje no hospital após ter sido atingido por um poste elétrico que caiu, anunciou o ministério da Saúde grego.
Essa foi a primeira morte vinculada aos incêndios florestais que arrasam a Grécia há vários dias, sob o efeito de uma forte onda de calor. A vítima, que andava de moto, foi encontrada perto de um cabo de alta tensão suspenso e uma parte do poste elétrico derrubado, segundo a mesma fonte.
A capital grega enfrenta desde ontem à tarde um grande incêndio no sopé do monte Parnés, que provoca muitos cortes de eletricidade.
Nas últimas 48 horas, 16 pessoas foram hospitalizadas com queimaduras leves, ou com problemas respiratórios, devido aos grandes incêndios nas proximidades de Atenas e em várias regiões da Grécia.
"Uma dezena de pessoas foram hospitalizadas com problemas respiratórios na clínica de Istiea, na ilha de Eubeia, incluindo dois bombeiros", afirmou o ministro grego da Saúde, Vassilis Kikilias.
Além disso, um bombeiro e cinco habitantes sofreram queimaduras leves no incêndio que afeta localidades do norte de Atenas. Os seis foram hospitalizados, informou a agência grega de notícias ANA.
A localidade de Afidnes, 30 km ao norte de Atenas, sofre com as chamas, mais violentas, que se intensificam com o vento. A estrada que liga Atenas ao norte do país e a rodovia nacional foram bloqueadas por precaução.
Combate às chamas
Centenas de bombeiros combatiam hoje as chamas na periferia de Atenas, uma situação definida como "crítica" pelo primeiro-ministro grego, enquanto na vizinha Turquia aumenta a pressão sobre o governo por sua má gestão dos incêndios.
Os dois países lutam há uma semana contra os inúmeros focos de incêndio que devastam a parte leste do Mediterrâneo, castigada pela pior onda de calor em décadas. Autoridades e especialistas vinculam a tragédia atual à mudança climática.
Bombeiros franceses chegaram ontem à Grécia para colaborar nos trabalhos. Também estão previstos reforços de Suíça, Suécia, Romênia e Israel.
"Nosso país enfrenta uma situação extremamente crítica", declarou ontem à noite o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, em referência às dezenas de incêndios que afetam o país há uma semana.
"Enfrentamos condições sem precedentes, pois vários dias de forte calor transformaram todo país em um barril de pólvora" completou.
Ajuda internacional
O vice-ministro da Proteção Civil, Nikos Hardalias, afirmou que 57 dos 99 incêndios contabilizados ontem permaneciam ativos durante a noite, em particular na ilha de Eubeia e no Peloponeso, nas regiões oeste e leste do país, onde a situação continuava preocupante nesta sexta.
Na ilha de Eubeia, alguns monges foram retirados à força, após se recusarem a deixar seu mosteiro.
A França enviou 82 bombeiros e deve disponibilizar dois aviões-hidrante, mesmos recursos que a Suécia. A Romênia destacará 112 bombeiros e 23 veículos, e a Suíça, três helicópteros, para colaborar no combate ao fogo, disse à AFP um porta-voz dos bombeiros gregos.
Israel declarou que enviará um avião com 15 bombeiros e um grande carregamento de retardante de chamas.
Diante desse perigo extremo, as autoridades gregas proibiram as visitações a florestas, parques nacionais e espaços naturais até segunda-feira (9).
"Se alguém duvida de que a mudança climática é real, que venha e veja a intensidade do fenômeno aqui", disse o primeiro-ministro na quinta-feira, enquanto inspecionava os vestígios arqueológicos do lugar onde aconteceram os Jogos Olímpicos da Antiguidade, também sob risco.
As chamas levaram o governo da Macedônia do Norte a declarar estado de emergência de 30 dias. Na vizinha Albânia, nos Bálcãs, o ministro da Defesa afirmou que a situação é "crítica", devido à ameaça às áreas habitadas.
Pressão sobre Erdogan
A Turquia registrou 208 incêndios desde 28 de julho, e 12 continuavam ativos nesta sexta-feira, de acordo com a presidência. Oito pessoas morreram, e dezenas foram hospitalizadas nas áreas costeiras do sul do país.
Em um evento especialmente crítico nesta semana, o forte vento deflagrou um incêndio que chegou a uma central termelétrica na costa do mar Egeu, que armazenava milhares de toneladas de carvão.
O gabinete do presidente Recep Tayyip Erdogan garantiu que uma inspeção inicial, após o controle das chamas, mostrou que "não houve danos às unidades principais da usina".
O governo enfrenta uma crescente pressão, depois que a oposição denunciou que apenas uma pequena parte do orçamento foi destinada à prevenção de incêndios.
A Direção-Geral de Silvicultura gastou apenas 1,75% dos 200 milhões de liras turcas (US$ 23 milhões) orçados para incêndios florestais nos primeiros seis meses de 2021, relatou o deputado do principal partido de oposição Murat Emir, com números obtidos de um relatório do próprio Executivo.
"É uma situação que pode até ser definida como traição", disse ele à AFP.
Erdogan tem sido duramente criticado por agir lentamente, ou por se recusar a aceitar ajuda internacional, depois que se soube que a Turquia não dispunha de aviões de combate a incêndio.
O governo responsabilizou a Associação Aeronáutica da Turquia, que, segundo Erdogan, não modernizou sua frota e sua tecnologia.
A crise representa um desafio inesperado para o poderoso líder turco, a dois anos de novas eleições, que podem levar seu mandato para uma terceira década.
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