Cego por explosão durante guerra, menino de Gaza sonha com a escola
Mohamed Shaban gostaria de retornar à sala de aula com os colegas, mas um ataque aéreo durante a curta guerra entre Hamas e Israel em maio deixou cego o menino que mora em Gaza.
Mohamed, de oito anos, frequentava a escola de Beit Lahya, norte do território palestino, com os primos e vizinhos.
Assim como um milhão de alunos palestinos em Gaza e na Cisjordânia ocupada, eles voltaram às aulas na segunda-feira.
Agora, Mohamed recebe a ajuda da mãe, Somaya, que retira da mochila azul do filho um caderno e um lápis, que coloca entre suas mãos.
A mãe precisa guiar sua mão para que ele consiga escrever.
Somaya pega o filho no colo e não consegue conter as lágrimas: "Vou dar aulas em casa, mas espero que mais tarde consiga frequentar uma escola especial para pessoas com deficiência". Gaza tem alguns estabelecimentos do tipo.
Um dia de maio, Mohamed seguia para o mercado para comprar roupas. No momento, Israel executou ataques aéreos sobre o território palestino em resposta aos lançamentos de foguetes a partir de Gaza.
Mohamed conta que quando retornava para casa, uma bomba israelense caiu perto dele, mas a AFP não conseguiu comprovar com fontes independentes a origem do disparo que feriu o menino.
"Ele sofreu ferimentos nos olhos e, desde então, está completamente cego", declarou o pai, Hani.
O boletim médico afirma que o olho esquerdo foi atingido por estilhaços de um obus e que o olho direito está afetado.
"O estado psicológico dele é instável e o estado de ânimo varia muito. Ele pergunta às vezes: 'Quando voltarei a ver? Quando vou voltar ao colégio com os outros? Quando vou poder voltar a sair sozinho?'", conta Hani.
"Apenas uma cor"
De acordo com o movimento islamita armado Hamas, que governa Gaza, mais de 60 crianças e adolescentes morreram durante a última guerra com Israel, entre 10 e 21 de maio. Em Israel, um menino e uma adolescente morreram nos lançamentos de foguetes a partir de Gaza.
A ONU considera que mais de 600 crianças foram feridas em Gaza durante o conflito, o maior número desde a guerra de 2014.
No total, a guerra deixou 260 mortos na Faixa de Gaza, incluindo combatentes, segundo as autoridades locais. Em Israel, os foguetes lançados a partir de Gaza deixaram 13 mortos, incluindo um militar, segundo a polícia e o exército.
Israel se defende das críticas de atacar civis ao afirmar que pretende apenas destruir as infraestruturas do Hamas, grupo acusado de instalar unidades em áreas residenciais.
A ONG Human Rights Watch acusa os dois lados de crimes de guerra.
"Gostaria de poder ver meus irmãos e irmãs, me ver, ver minha mãe e meu pai, ficaria feliz de brincar com outras crianças", lamenta o pequeno Mohamed.
"A vida de Mohamed deu uma guinada, e agora vê o mundo com apenas uma cor", lamenta seu pai.
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