Topo

Esse conteúdo é antigo

Ex-presidente Macri volta à Argentina, mas não vai depor sobre espionagem

Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, é investigado pela suposta responsabilidade na espionagem - Juan Mabromata - 20.ago.2019/AFP
Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, é investigado pela suposta responsabilidade na espionagem Imagem: Juan Mabromata - 20.ago.2019/AFP

19/10/2021 22h03

Buenos Aires, 20 Out 2021 (AFP) - O ex-presidente Mauricio Macri (2015-19) voltou nesta terça-feira (19) para a Argentina, mas anunciou que ainda não vai se apresentar para depor por suposta espionagem de familiares dos 44 tripulantes mortos em 2017 no naufrágio do submarino ARA San Juan, durante seu mandato.

"Não vou me apresentar até que as demandas que meu advogado vai fazer sejam resolvidas para me garantir o devido processo e a defesa em juízo", escreveu Macri no Twitter.

O ex-presidente é investigado pela suposta responsabilidade na espionagem dos familiares dos 44 tripulantes que morreram no naufrágio do submarino, em novembro de 2017. O San Juan foi encontrado em novembro de 2018 a 900 metros de profundidade, depois de um ano de buscas com ajuda das Marinhas de outros países.

Os familiares foram seguidos e foram alvo de escutas, segundo denúncias com provas apresentadas à justiça.

"Não tenho nada a ver com este caso. Nunca espionei, nem pedi que as famílias fossem espionadas", afirmou Macri, que foi convocado para depor nesta quarta-feira.

O juiz Martín Bava tentou interrogá-lo em 7 de outubro, mas Macri não compareceu, informando estar nos Estados Unidos, de onde depois viajou para o Catar. Ele teve concedida uma prorrogação para se apresentar em 20 de outubro.

O ex-presidente questionou ter sido convocado "em campanha eleitoral" para as legislativas de 14 de novembro e outras medidas como ter tido proibida sua saída do país.

Segundo informou por escrito o juiz Bava, "o então presidente estava em pleno conhecimento da perseguição realizada pela Agência Federal de Inteligência em relação aos familiares dos tripulantes" do submarino.

Macri alegou "a incompetência do juiz Bava, resolvida pela Câmara federal, e irregularidades do juiz denunciadas por possíveis falsidades em outro processo e funcional aos interesses" do atual governo peronista.

Seu advogado, Pablo Lanusse, foi autorizado a revisar a documentação reservada do expediente no juizado sediado em Dolores, 200 km ao norte de Buenos Aires, informaram fontes judiciais.

No caso são processados os então chefes dos serviços de Inteligência, Gustavo Arribas e Silvia Majdalani, acusados de "fazer Inteligência ilegal" com os familiares que tentavam saber o paradeiro do submarino durante o ano em que esteve desaparecido.

O governo de Macri foi denunciado em vários casos de espionagem a opositores, líderes sindicais, jornalistas e inclusive políticos de sua própria orientação política.

Macri foi processado em 2010 em outro caso por escutas ilegais a um membro de sua família e a opositores quando foi prefeito de Buenos Aires (2007-2015), do qual foi liberado em 2015 pouco depois de assumir a Presidência.