Topo

Esse conteúdo é antigo

EUA denunciam autoridades de Belarus por desvio de avião para prender jornalista

O jornalista Roman Protasevich, de 26 anos, opositor do regime do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko (foto de arquivo, 2017) - Reuters
O jornalista Roman Protasevich, de 26 anos, opositor do regime do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko (foto de arquivo, 2017) Imagem: Reuters

20/01/2022 21h51

Nova York, 21 Jan 2022 (AFP) - A Justiça de Nova York denunciou nesta quinta-feira quatro autoridades de Belarus por terem desviado para Minsk em maio passado um avião da Ryanair com o objetivo de prender um jornalista dissidente que estava a bordo.

"Estamos decididos a fazer prestarem contas os responsáveis por essa conspiração surpreendente para cometer uma pirataria aérea que não apenas violou a lei internacional, mas também a legislação penal americana", diz o comunicado do promotor Damian Williams.

O desvio do avião, que fazia a rota entre Atenas e Vilnius, colocou em risco a vida dos passageiros, entre eles "quatro cidadãos americanos."

"Desde o início dos voos motorizados, os países do mundo cooperam para manter os passageiros das aeronaves seguros. Os acusados quebraram esse padrão desviando um avião com o propósito torpe de perseguir um dissidente e a liberdade de expressão", observa o promotor.

Os acusados do desvio para Minsk, em 23 de maio de 2021, do avião que se dirigia à vizinha Lituânia são: Leonid Mikalaevich Churo, diretor-geral da Belaeronavigatsia, autoridade de aviação, e o vice-diretor Oleg Kazyuchits, além de dois responsáveis pelo serviço de segurança: Andréy Anatolievich (sobrenome desconhecido) e uma quarta pessoa cujo nome e sobrenome são desconhecidos.

Os acusados seguem em liberdade em Belarus, e poderiam pegar uma pena de 20 anos de prisão à prisão perpétua nos Estados Unidos. "Os Estados Unidos esperam trabalhar com parceiros estrangeiros" para colocá-los no banco dos réus, assinala a promotoria, que atribuiu o caso ao juiz Paul A. Engelmayer, do tribunal do distrito sul de Manhattan.

Autoridades bielorrussas desviaram o voo alegando terem recebido um alerta de bomba, que resultou ser falso e terminou na prisão do jornalista dissidente Román Protasevich e de sua companheira, a russa Sofia Sapega.

O FBI e seus parceiros estrangeiros continuarão "fazendo prestar contas os responsáveis por ações que ameacem diretamente a vida dos cidadãos americanos e coloquem em risco a estabilidade da segurança nacional", destacou no comunicado o vice-diretor da polícia federal americana, Michael J.Driscoll.

Vários países, entre eles Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União Europeia, anunciaram sanções contra Belarus, cujo espaço aéreo foi vetado pela maioria das companhias aéreas do mundo.

O relatório da investigação sobre o desvio do voo comercial da Ryanair para Belarus foi concluído e os próximos passos serão anunciados até o fim do mês, anunciou na última segunda-feira a Organização Internacional da Aviação Civil.