Presidente turco demite diretor de agência de estatísticas após divulgação da inflação
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, demitiu o diretor da agência nacional de estatísticas, de acordo com um decreto publicado neste sábado, após a divulgação dos dados da inflação que irritaram o governo e a oposição.
O funcionário demitido, Sait Erdal Dincer, foi muito criticado depois de publicar o índice de preços ao consumidor do mês, que deixa a inflação em ritmo anual em 36,1%, o maior resultado em 19 anos.
"Tenho uma responsabilidade para com 84 milhões de pessoas", declarou Erdal Dincer, ao jornal econômico Dunya. Ele afirmou que é impossível publicar dados de inflação diferentes dos constatados por seus serviços.
A oposição, no entanto, afirmou que a taxa divulgada está abaixo do aumento real do custo de vida, que seria pelo menos duas vezes superior.
Erdogan não justificou sua decisão de demitir o diretor da agência e substituí-lo por Erhan Cetinkaya, que já foi vice-presidente da agência que regulamenta os serviços bancários da Turquia.
"Esta decisão apenas aumentará a falta de confiança nos dados oficiais, em um contexto no qual a política econômica já é uma fonte de preocupação", afirmou o analista Timothy Ash, da Blue Bay Asset.
O aumento do índice de preços ao consumidor, mais de sete vezes superior à meta inicial do governo, é explicado pela desvalorização de quase 45% da lira turca em relação ao dólar, apesar de uma série de medidas de emergência anunciadas em dezembro pelo chefe de Estado.
A inflação afeta não apenas a economia, mas também a popularidade de Erdogan, que há algumas semanasw prometeu "reduzir a inflação a um dígito o mais rápido possível".
Além disso, o presidente turco também anunciou a nomeação do ex-vice-primeiro-ministro Bekir Bozdag como novo ministro da Justiça, em substituição ao veterano Abdulhamit Gul.
"O ministro da Justiça foi substituído, o presidente da Tüik (a agência nacional de estatísticas) foi demitido antes da publicação dos novos números da inflação, e não sabemos o motivo", escreveu no Twitter o ex-vice-primeiro-ministro Ali Babacan, que deixou o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), formação de Erdogan, para fundar o Partido da Democracia e Progresso (DEVA).
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