Rússia diz que só usará armas nucleares em caso de 'ameaça existencial'
A Rússia só usará armas nucleares na Ucrânia se enfrentar uma "ameaça existencial", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à CNN Internacional, nesta terça-feira (22).
"Temos uma doutrina de segurança interna, e ela é pública, você pode ler nela todas as razões para o uso de armas nucleares", disse. "Se for uma ameaça existencial ao nosso país, então podem ser usadas de acordo com nossa doutrina", afirmou Peskov.
O porta-voz fez essas declarações durante entrevista à jornalista Christiane Amanpour, que lhe perguntou se estava "convencido" de que o presidente russo Vladimir Putin, uma pessoa com quem tem uma relação próxima, não usaria armas nucleares na Ucrânia.
Poucos dias depois da invasão russa à Ucrânia em 24 de fevereiro, enquanto o exército russo se deparava com a forte resistência das forças ucranianas, o presidente russo colocou em alerta todos os componentes da força de dissuasão nuclear, o que provocou protestos internacionais.
O Ocidente teme que exista a possibilidade de Moscou recorrer a armas nucleares de pequeno tamanho, conhecidas como táticas.
"Estamos monitorando a situação da melhor maneira possível todos os dias. Ainda não vimos nada que nos leve a concluir que devemos mudar nossa postura estratégica de dissuasão", comentou o porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, John Kirby.
Segundo o Pentágono, o exército ucraniano, que mantém o controle dos principais centros urbanos do país, tem conseguido, inclusive, realizar contraofensivas para recuperar terreno, sobretudo no sul do país.
Peskov, por outro lado, afirmou que as operações das forças russas "prosseguem estritamente como previstas". De acordo com o porta-voz do Kremlin, o exército russo segue no caminho de "eliminar o potencial militar da Ucrânia", um dos "principais objetivos da operação".
Para isso, as forças russas "visam apenas alvos e objetos militares no território da Ucrânia, e não civis", garantiu Peskov, apesar das acusações amplamente documentadas de diversas ONGs, e adotadas por vários governos, em particular o britânico e o americano, de ataques contra civis.
Além disso, o porta-voz enfatizou que uma "ocupação" da Ucrânia não está entre os objetivos do Kremlin.
Analistas militares, por sua vez, acreditam que o exército russo estaria sofrendo com problemas de logística e comunicação na Ucrânia, o que seriam algumas razões para a lentidão de seu avanço no território do país vizinho.
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