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Boric defende ministra do Interior após polêmica sobre expulsão de venezuelanos

Gabriel Boric, presidente do Chile, disse que o assunto está "superado" - Anadolu Agency/Anadolu Agency via Getty Images
Gabriel Boric, presidente do Chile, disse que o assunto está 'superado' Imagem: Anadolu Agency/Anadolu Agency via Getty Images

Santiago, Chile

07/04/2022 18h53

O presidente do Chile, Gabriel Boric, defendeu sua ministra do Interior, Izkia Siches, envolvida em polêmica após afirmar que um avião com imigrantes venezuelanos expulsos durante o governo anterior teria retornado ao país com os mesmos passageiros.

"Dou o episódio como absolutamente superado. A ministra continuará cumprindo todas suas funções e conta com minha confiança", declarou Boric a jornalistas, ao voltar para o palácio presidencial de La Moneda.

"Evidentemente, os erros não podem acontecer com essas características, mas conversamos sobre isso com a ministra", completou Boric.

Em uma aparição diante da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados na quarta-feira, Siches fez a acusação pela qual se desculpou horas depois em sua conta no Twitter.

"Identificamos que um dos aviões das expulsões que foram feitas, por exemplo para a Venezuela, voltou com as mesmas pessoas e isso era algo que não tínhamos ideia (...) com todos os passageiros expulsos", disse a também chefe de gabinete em sua acusação no Congresso.

"Se fizéssemos isso, seria a capa do (jornal vespertino) La Segunda no mesmo dia em que aconteceu. Então meus parabéns ao governo anterior, porque teve a capacidade de cobrir isso com terra; eu não sei como, mas isso é algo muito sério", criticou a ministra.

Suas palavras causaram desconforto nas autoridades do governo do conservador Sebastián Piñera (2018-2022), que lançou uma política de expulsões em massa de imigrantes em situação irregular, principalmente venezuelanos, que entraram no Chile por vias não autorizadas.

Entre janeiro e agosto do ano passado, o Chile deportou 547 pessoas, enquanto em 2020 foram expulsos 1.365 imigrantes, em uma política sobre a qual a ONU expressou preocupação. Em alguns voos, os expulsos foram mostrados publicamente embarcando no avião vestindo macacão branco e escoltados por policiais civis.

"Hoje na comissão de segurança da Câmara dos Deputados emiti informações incorretas. Por isso, em espírito republicano peço minhas mais sinceras desculpas a Rodrigo Delgado e sua equipe", escreveu Siches, de madrugada, ao seu antecessor no cargo, que horas antes havia rejeitado "absolutamente" as declarações da ministra e solicitado que "se tornasse transparente o histórico específico de sua denúncia".

Siches, uma médica de 36 anos, não é politicamente ativa, embora tenha uma carreira sindical bem conhecida, tanto na universidade quanto na Faculdade de Medicina, da qual foi sua primeira presidente. Também foi peça-chave no segundo turno da campanha presidencial que deu a vitória ao esquerdista Gabriel Boric.

Legisladores da oposição conservadora disseram que estão considerando apresentar uma acusação constitucional contra a ministra Siches, que suspendeu suas atividades oficiais nesta quinta-feira.