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ONU vota proposta que obriga alguns países a justificarem uso do veto

Assembleia Geral da ONU deve votar hoje uma resolução que obriga os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança a justificar o recurso do veto - Mike Segar/Reuters
Assembleia Geral da ONU deve votar hoje uma resolução que obriga os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança a justificar o recurso do veto Imagem: Mike Segar/Reuters

26/04/2022 06h17Atualizada em 26/04/2022 08h09

Os 193 países da Assembleia Geral da ONU devem votar nesta terça-feira (26) uma resolução que obriga os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança a justificar o recurso do veto, uma reforma que foi retomada após a invasão da Rússia à Ucrânia.

A medida, que afeta diretamente China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia, os cinco países com direito a veto, foi promovida por Liechtenstein, para "fazer com que paguem um preço político mais elevado" quando decidirem recorrer ao veto, disse uma fonte diplomática que pediu anonimato.

Mas esta é uma "simples reforma de procedimento", apontam os críticos da iniciativa. Contribuirá para que os cinco membros permanentes do Conselho recorram menos a esta prerrogativa contestada por cada vez mais países?

Proposta pela primeira vez há dois anos e meio, a reforma prevê a convocação da Assembleia Geral "nos 10 dias úteis seguintes À oposição de um ou vários membros permanentes do Conselho de Segurança, para organizar um debate sobre a situação na qual se manifestou o veto", afirma o texto proposto.

Quase 60 países copatrocinam a iniciativa de Liechtenstein, incluindo os Estados Unidos - o que surpreendeu a ONU e seus aliados mais próximos. Reino Unido e França devem votar a favor da reforma, mas optaram por não copatrocinar a mesma.

Rússia e China não divulgaram sua posição, mas não estão entre os patrocinadores do texto.

"Vai dividir ainda mais a ONU", disse um diplomata de um destes países que pediu anonimato.

O projeto "cria um novo procedimento", defende o embaixador de Liechtenstein, Christian Wenaweser, que garante que a medida "não é contra ninguém".

"Não está direcionada contra a Rússia", insiste, apesar de a proposta de votação após mais de dois anos de gestão sem sucesso coincidir com a paralisação do Conselho de Segurança para conseguir a interrupção da invasão russa, devido ao direito de veto de Moscou, mesmo com a mobilização internacional.

Desde que a União Soviética recorreu pela primeira vez ao direito ao veto em 1946, sobre uma divergência entre Síria e Líbano, Moscou utilizou 143 vezes a medida, à frente dos Estados Unidos (86), Reino Unido (30) e China e França (18 vezes cada uma).