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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Rússia intensifica ataques no leste e Ucrânia aguarda 1ª sentença por crimes de guerra

20.mai.2022 - Foguetes foram lançados contra o território ucraniano; o Ministério da Defesa da Rússia divulgou imagens do momento dos disparos - Ministério da Defesa da Rússia
20.mai.2022 - Foguetes foram lançados contra o território ucraniano; o Ministério da Defesa da Rússia divulgou imagens do momento dos disparos Imagem: Ministério da Defesa da Rússia

23/05/2022 06h04Atualizada em 23/05/2022 06h48

A situação é cada vez mais difícil para os ucranianos na região do Donbass, onde Moscou bombardeia a cidade de Severodonetsk sem trégua, enquanto o país aguarda o veredicto do primeiro processo na Ucrânia por crimes de guerra contra um soldado russo.

A Rússia concentra as tropas no leste da Ucrânia, no Donbass, afirmou o governador da região de Lugansk, Sergei Gaidai.

"Todas as forças russas estão concentradas nas regiões de Lugansk e Donetsk", afirmou Gaidai.

Moscou desloca unidades retiradas da região de Kharkiv (norte), soldados que participaram no cerco de Mariupol (sudeste), milícias das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, tropas chechenas e unidades mobilizadas na Sibéria e no extremo oriente russo, informou o governador.

O mesmo acontece com os armamentos. "Tudo está concentrado aqui", disse Gaidai, que citou inclusive os sistemas antiaéreos e antimísseis S-300 e S-400, similares aos Patriot americanos.

Severodonetsk, ponto crucial na batalha pelo Donbass, é alvo de ataques de Moscou "as 24 horas do dia", denunciou Gaidai.

"Utilizam a tática de terra arrasada, com a destruição deliberada da cidade, com bombardeios aéreos, lança-foguetes múltiplos, morteiros ou tanques que disparam contra os edifícios", disse.

O exército ucraniano anunciou no domingo que sete civis morreram e oito ficaram feridos nos bombardeios contra 45 comunidades da região de Donetsk.

O destino de Severodonetsk se parece ao de Mariupol, com um cenário apocalíptico após várias semanas de cerco. Os bairros da cidade viraram pilhas de escombros, com edifícios destruídos por mísseis e outras armas.

Veredicto

Kiev aguarda para esta segunda-feira o primeiro julgamento de um soldado russo por crimes de guerra.

O soldado Vadim Shishimarin, 21 anos, é acusado pelo assassinato de um civil de 62 anos quando este empurrava uma bicicleta e falava no telefone.

Em uma audiência na semana passada, Shishimarin pediu "perdão" à viúva da vítima e disse que atuou com base em "ordens recebidas". A promotoria pediu pena de prisão perpétua.

O Ministério Público afirmou que o país abriu mais de 12.000 investigações por crimes de guerra desde 24 de fevereiro, data do início da invasão russa.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta segunda-feira em Tóquio que a Rússia "tem que pagar um preço a longo prazo por sua barbárie na Ucrânia", em uma referência às sanções impostas a Moscou por vários países.

"Não se trata apenas da Ucrânia", declarou Biden. "Se as sanções não forem mantidas em muitos aspectos, que sinal enviaríamos à China sobre o custo de uma tentativa de tomar Taiwan pela força?", perguntou.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, deve discursar por videoconferência ao Fórum Econômico Mundial (WEF) em Davos, com o objetivo de pedir mais ajuda financeira e militar.

Várias autoridades ucranianas devem comparecer à estação suíça, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, e o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.

A Rússia foi excluída do WEF e a "casa russa", tradicionalmente aberta para o fórum, será substituída por uma "casa dos crimes de guerras russos", com eventos de apoio à Ucrânia.

Com o cenário de tensão, a Rússia afirma que está aberta a retornar à mesa de negociações e culpa a Ucrânia pela interrupção nas discussões de paz.

"Da nossa parte, estamos preparados para continuar o diálogo", afirmou no domingo Vladimir Medinski, conselheiro do Kremlin nas negociações com Kiev.

"O congelamento do diálogo foi iniciativa da Ucrânia", acrescentou.