Entre desespero e incerteza, venezuelanos bucam abrigo após deslizamento de terra
María Romero agarrou-se a uma árvore para evitar ser arrastada pela enchente que varreu Las Tejerías, na Venezuela, onde nesta quarta-feira (12) as forças de resgate buscavam mais de 50 pessoas desaparecidas, o que deve aumentar o número de mortos para quase cem.
Uma onda de lama varreu esta cidade montanhosa de Aragua (centro) no sábado. Já foram encontrados 43 corpos, segundo o último boletim oficial. Outros 56 continuam desaparecidos.
O próprio presidente Nicolás Maduro deu os desparecidos como mortos: "Estamos chegando a quase uma centena de vítimas fatais desta tragédia", lamentou na terça-feira.
María Romero perdeu tudo e, em uma escola que serve de refúgio, espera ser realocada e tentar recomeçar a vida.
"Isso não é mais Tejerías, é um desastre", resumiu Romero, que chegou com sua família - sete no total - à escola de ensino fundamental que sobreviveu ao deslizamento de terra.
Milhares de policiais, militares e membros da Proteção Civil, coordenam esforços com moradores para escavar a massa de lama, que com o passar dos dias se torna mais compacta.
Na quarta-feira, soldados lançaram de um helicóptero caixas de comida com pára-quedas para atender áreas isoladas.
As autoridades também estão avançando na limpeza das ruas e na restauração do serviço de eletricidade e água.
Mas ainda há muito a ser feito. A destruição é total. No sábado, choveu em oito horas o que normalmente chove em um mês.
Primeira parada
A escola é uma primeira parada antes da transferência para outros albergues em cidades vizinhas.
Desde sábado, 18 famílias chegaram ao local e já foram enviadas para La Victoria, a cerca de 20 km de distância. O centro educacional serve para fazer um censo das famílias e solicitar inspeções de casas para determinar se elas são habitáveis.
Há água, comida, roupas, brinquedos para as crianças, que correm pelo local.
Os vizinhos se juntaram aos esforços de busca, cavando a massa de lama, galhos de árvores e rochas.
O fedor ou as moscas são geralmente sinais a serem observados. Algumas pessoas apontam para o local onde acreditam que um parente desaparecido esteve pela última vez, na esperança de encontrá-lo.
Gabriel Castillo, de 32 anos, corria de um lugar para outro pela cidade, chorando. Ele ainda não teve notícias da mãe, da namorada ou de um primo que morava com ele em uma casa às margens de um riacho que transbordou.
O deslizamento de terra em Las Tejerías é o pior desastre natural na Venezuela até agora neste século. Em 1999, um grande deslizamento de terra no estado de Vargas (norte) matou cerca de 10.000 pessoas.
O presidente Maduro prometeu reconstruir casas e empresas, mas a destruição é tanta que levará tempo.
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