Equador decreta estado de exceção após líder de quadrilha fugir da prisão
O presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou nesta segunda-feira (8) toque de recolher e estado de exceção em todo o país, incluindo o sistema penitenciário, após o chefe do maior grupo do narcotráfico fugir de uma prisão de Guayaquil.
"Acabo de assinar o decreto de estado de exceção para que as Forças Armadas tenham todo o apoio político e legal em seu agir" nas ruas e centros de reclusão, publicou Noboa em sua conta no Instagram.
O Ministério Público informou hoje na rede social X que apresentou acusações contra dois funcionários do presídio que estariam envolvidos na fuga de Adolfo Macías, 44. Conhecido como Fito, ele é líder do temido grupo Los Choneros, que disputa as rotas do tráfico de drogas com outros grupos criminosos com conexões com cartéis do México e da Colômbia.
A medida possibilita a Noboa — que assumiu a Presidência em novembro por um ano e meio, ao ser eleito em votação antecipada — mobilizar por 60 dias os militares nas ruas e a entrada dos mesmos nas penitenciárias, bem como suspender direitos civis. Ele também ordenou um toque de recolher de seis horas entre as 23h e as 05h locais.
Fito, que estava na prisão Regional, cumpria desde 2011 uma pena de 34 anos por crime organizado, narcotráfico e homicídio.
O secretário de Comunicação do governo, Roberto Izurieta, disse que "a força do Estado está a postos para encontrar esse sujeito extremamente perigoso". Ele lamentou que "o nível de infiltrações" de grupos criminosos no Estado seja "muito grande" e classificou como falido o sistema penitenciário equatoriano, onde foram reportados hoje incidentes em prisões de seis províncias, segundo o órgão responsável, SNAI.
Nas redes sociais, circularam vídeos, gravados em diferentes locais, nos quais grupos de agentes penitenciários clamam por suas vidas enquanto homens encapuzados os ameaçam com facas. Os guardas leem um comunicado que pede a Noboa que "não envie às prisões tropas que sejam esquadrões da morte".
Privilégios
Fito foi visto pela última vez em setembro, quando foi transferido temporariamente para outra prisão de segurança máxima de Guayaquil, depois do assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio.
À época, ele apareceu em fotos obeso, com cabelo e barba longos. Milhares de militares o vigiavam, em uma das maiores operações militares e policiais ordenadas pelo ex-presidente Guillermo Lasso (2021-2023).
O criminoso, que estudou na prisão para obter o diploma de advogado, gozava de privilégios. Ali dentro, protagonizou o videoclipe de um 'narcocorrido' em sua homenagem e cantado por sua filha.
Segundo especialistas, o Los Choneros tem um exército de pelo menos 8.000 homens.
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