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Argentina quer reabrir processos contra guerrilhas que lutaram contra ditadura

A vice-presidente da Argentina, a ultraconservadora Victoria Villaruel, prometeu na terça-feira reabrir os processos das vítimas das guerrilhas criadas na década de 1970 que lutaram contra a ditadura, uma decisão que organizações de defesa dos direitos humanos chama de desconhecimento do "genocídio" cometido durante o período.

"A Argentina merece não ser um ninho de impunidade e, para isso, é necessário que construamos sobre as bases da justiça. Portanto, reabriremos todos os casos de vítimas do terrorismo para que a justiça faça o que deveria ter feito há mais de 20 anos", disse Villarruel, também presidente do Senado.

"Todos os 'montoneros' têm que ser presos, respondendo por ensanguentar a nossa nação", acrescentou, em referência aos membros da guerrilha que pregava um "socialismo nacional" e que foi sufocada durante a ditadura cívico-militar (1976-1983), responsável por milhares de mortos e desaparecidos.

O jornal La Nación informou que a reabertura das investigações seria realizada por uma associação civil fundada pela própria vice-presidente.

Villarruel, que é muito próxima dos militares, questiona o número de desaparecidos estabelecido por organismos de direitos humanos (30.000) e afirma que o número verdadeiro é próximo de 8.700.

Assim como o presidente Javier Milei, Villarruel também afirma que o que aconteceu no período da ditadura foi uma "guerra", na qual as forças do Estado cometeram "excessos", um discurso qualificado como "negacionista" por ativistas dos direitos humanos.

Em um discurso no Senado, a vice-presidente exigiu saber "a verdade completa" e acusou os ex-presidentes peronistas Néstor e Cristina Kirchner de "vangloriar os crimes atrozes do terrorismo".

Em resposta, o grupo 'HIJOS', formado por filhos de sequestrados e desaparecidos, publicou um comunicado na rede social em que "repudia a glorificação do terrorismo de Estado por parte da vice-presidente (...) ignorando o genocídio, assim como os crimes contra a humanidade cometidos em mais de 800 centros clandestinos".

O Centro de Estudos Jurídicos e Sociais, uma ONG de direitos humanos, afirmou que Villarruel "diz que as organizações armadas ficaram impunes, (mas) não foi o que aconteceu: seus integrantes oram torturados e jogados ao mar".

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Em 1985, com o retorno da democracia, a Argentina realizou um julgamento histórico das juntas militares. Sobreviventes relataram um plano sistemático para perseguir e assassinar opositores, muitos deles jogados no Rio da Prata nos chamados "voos da morte".

Após anular as leis de anistia em 2005, a Justiça condenou mais de mil repressores em quase 330 julgamentos por crimes contra a humanidade.

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