Terminal em São Sebastião opera há 3 anos sem licenciamento ambiental

Em São Sebastião (SP)

  • Divulgação/Prefeitura de São Sebastião

    Garças pousam na praia da Enseada, em São Sebastião (SP), uma das áreas contaminadas pelo óleo

    Garças pousam na praia da Enseada, em São Sebastião (SP), uma das áreas contaminadas pelo óleo

O Tebar (Terminal Marítimo Almirante Barroso), da Transpetro/Petrobras, opera há três anos sem licenciamento ambiental emitido pela Prefeitura de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. O complexo é o maior da América Latina e responsável por 55% de todo o petróleo e derivados consumidos no Brasil.

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O volume do óleo anunciado pela Petrobras que vazou do terminal, na sexta-feira (5), e atingiu as praias de São Sebastião, no litoral paulista, foi contestado pela prefeitura. Segundo a estatal, o volume de combustível que vazou foi 3,5 metros cúbicos, ou 3.500 litros.

A prefeitura, no entanto, considera que 3,5 metros cúbicos não seriam suficientes para atingir vários ecossistemas costeiros e danificar embarcações e fazendas marinhas.

A Transpetro, em nota, informou que os trabalhos de contenção e remoção de resíduos da área atingida foram concluídos.

O secretário de Meio Ambiente de São Sebastião destacou que a fazenda marinha no município –com criação de mexilhões e peixes– foi completamente prejudicada pelo óleo. Ele ressaltou ainda que a poluição atingiu, além de pelo menos 11 praias da cidade, outros ecossistemas.

De acordo com o secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Hipólito do Rego, a estatal opera, irregularmente, desde 2010. A empresa nega. O licenciamento é exigência de uma lei ambiental criada em São Sebastião em 1992 para empreendimentos de grande porte que possam representar danos ambientais. A falta do licenciamento pode provocar a paralisação das atividades da estatal, conforme prevê a lei.

A Petrobras precisa renovar a licença ambiental a cada dois anos, mas, de acordo com Rego, a empresa foi notificada para regularizar desde então. "Com o licenciamento, podemos ter conhecimento sobre que tipo de produto o terminal opera, qual sua destinação, como são feitas as notificações em casos de acidentes, quais procedimentos em situações de emergência, ou seja, é possível abrir a caixa-preta que é a Petrobras em São Sebastião", disse.

Ele ainda acrescentou que a falta de um plano emergencial em caso de acidentes é "preocupante". "No caso de um incêndio, os moradores não saberão o que fazer, para onde ir." O Tebar ocupa cerca de 60% da área central de São Sebastião, abrangendo quatro bairros, onde há zonas residenciais, escolas, creches, supermercados, agências bancárias, faculdade e comércios. Na década de 1990, a cidade foi referência mundial ao criar o Plano Apell, sigla em inglês para Alerta e Preparação da Comunidade para Emergências Locais, o que rendeu um convite da ONU (Organização das Nações Unidas) para que o plano fosse apresentado em Genebra, na Suíça, para outros países.

Em nota, a Transpetro/Petrobras no Rio limitou-se a informar que o terminal de São Sebastião "opera de forma regular, com licença emitida pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental)", que, segundo sua assessoria, seria o órgão competente para emitir o licenciamento ambiental. "Se a competência não é da prefeitura de São Sebastião, como se explicam os licenciamentos ambientais solicitados pela empresa e concedidos desde 1992?", questionou o secretário.

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