Anotações pessoais dão base à investigação sobre cartel
Em São Paulo
E-mails, memorandos e anotações pessoais são as principais fontes do inquérito do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para reconstruir a suposta atuação do cartel dos trens no país.
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São 1.037 páginas em seis volumes que se debruçam principalmente sobre seis ações ocorridas entre 1998 e 2008 em São Paulo e um no Distrito Federal - proporcionalmente, o último é o caso que ocupa o maior número de páginas. O cartel só acabou derrotado em uma concorrência.
Dirigentes do PSDB tiveram acesso ao inquérito e criticam o foco da investigação em São Paulo, já que as correspondências entregues ao Cade pelos ex-executivos da Siemens mencionam projetos e licitações metroferroviárias em Goiás, Rio, Salvador, Recife, Fortaleza, Rio e Belo Horizonte.
Não há, entretanto, indícios nos documentos de que o cartel tenha atuado também nesses projetos. Os então executivos da Siemens citam os casos em análises e interpretações sobre a situação do mercado, a atuação de outras empresas e sobre os problemas políticos entre o governo federal e a oposição.
Esse é o caso do e-mail de 1.º de setembro de 2006 enviado por Everton Rheinheimer a Newton José Leme Duarte. Ao tratar da ação do cartel para obter o contrato de manutenção de trens no Distrito Federal, Rheinheimer passa a discorrer sobre as dificuldades enfrentadas pela Siemens para dar andamento ao contrato do metrô de Salvador.
Além da ação do Tribunal de Contas da União (TCU), o PT teria interesses políticos em defender o cancelamento da obra - na época, o partido, por meio do candidato Jacques Wagner (PT), tentava tirar o governo baiano do DEM.
"Infelizmente desde que o PT assumiu o poder em Brasília, os projetos Metrosal (Salvador), Metrofor (Fortaleza), Metrorec (Recife) e Riotrilhos (Rio) têm sido alvo de disputas políticas entre o PT e a oposição."
Em outras mensagens, os executivos falam dessas obras. Os e-mails, na maioria, têm como assunto principal a ação do cartel na linha 5-lilás do metrô de São Paulo. As informações são do jornal "O Estado de S.Paulo".
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